quinta-feira, 24 de abril de 2014

Pernambuco tem baixos índices sociais


Segundo o Ibope, em dezembro, Eduardo Campos tinha aprovação de 58% dos pernambucanos
Foto: Hans von Manteuffel

SÃO PAULO — Quando renunciou ao cargo de governador de Pernambuco para disputar a Presidência da República, Eduardo Campos (PSB) deixarou um estado que registrou em seus sete anos de gestão avanços em áreas como a redução dos homicídios e mortalidade infantil, mas que ainda mantém baixos indicadores sociais. Pernambuco está no grupo dos piores em rankings nacionais de áreas como educação, saúde e abastecimento de água.


O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), referente ao ano de 2010, quando Campos já tinha quatro anos de mandato, mostra uma queda na posição do estado em relação a 2000. Caiu da 14ª para a 18ª posição entre os 26 estados brasileiros. O IDH mede o progresso de longo prazo levando em consideração renda, educação e saúde.

Também houve piora no ranking de analfabetismo. De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do IBGE, Pernambuco, que era o oitavo em 2005, passou a ser o quinto estado com mais analfabetos, com 13,61% da população nessa condição.
O Índice de Desenvolvimento da Educação (Ideb) do Ministério da Educação também não mostra uma situação confortável. Entre 2005 e 2011 (último disponível), Pernambuco melhorou apenas uma posição (de 19º para 18º) no ranking dos estados, levando em conta os estudantes do 5º ano do ensino fundamental. No nono ano, houve melhora de sete posições, mas o estado ainda é o 20º do país. No terceiro ano do ensino médio, a melhora foi da 18ª para a 16ª posição.

Apesar de não ocupar as primeiras posições nos rankings, o governo destaca a melhora da pontuação no Ideb, com o crescimento de 14,8% da nota dos estudantes do ensino médio entre 2007 e 2011. A gestão informa que possui hoje a maior rede de escolas integrais do país, com 326 unidades, das quais 313 implantadas no governo Campos.
Uma das principais bandeiras do governo Campos é a redução de 39% dos homicídios, que tirou o estado do topo da lista dos mais violentos do país. Mas Pernambuco ainda tem uma taxa de 33,6 assassinatos por 100 mil habitantes. A Organização Mundial de Saúde considera epidemia de homicídios se o índice passa de dez. Campos instalou sistema de monitoramento por câmeras.
Na saúde, Pernambuco mantém baixo índice de expectativa de vida, mas melhorou da 25ª para a 18ª posição entre os estados de 2006 a 2012. No ranking de mortalidade infantil, o avanço foi ainda maior: tinha o terceiro pior índice em 2006 e, seis anos depois, passou para 19º.
Mesmo com investimentos em construção de hospitais na região metropolitana de Recife, o Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) vê problemas de falta de leitos.
— Há demanda reprimida tanto para UTI como para especialidades. No Hospital Getúlio Vargas, há casos de pacientes internados em sala de recuperação cirúrgica — diz Silvio Rodrigues, presidente do Cremepe.

Estado historicamente afetado pela falta d`água por causa da seca, Pernambuco ainda tem, segundo a Pnad do IBGE, quase 20% de sua população sem serviço de abastecimento. O estado era o 18º do país em porcentagem da população servida por rede de água em 2006, antes de Campos chegar ao poder. Caiu duas posições em 2012.
Em rede de esgoto, o estado era o nono com maior percentual de habitantes atendidos e agora é o 10º colocado. Em 2012, 43,9% dos pernambucanos tinham acesso ao serviço. O governo diz que a rede de esgoto na Região Metropolitana de Recife passou de 30% em 2011 para 45% agora. Também afirma estar implantado na região o maior programa de saneamento do país, que universalizará o serviço até 2025.

Informa ainda que o racionamento de água não afeta mais Recife. Para o interior, o programa de governo da campanha de 2010 prometia a Adutora do Agreste, em parceria com o governo federal, que atenderia 62 mil municípios e combateria o racionamento que afeta 500 mil pessoas. A gestão Campos não respondeu em que estágio está a obra. O site do Programa de Aceleração do Crescimento diz que a adutora, orçada em R$ 1,2 bilhão, está em andamento.
Houve elevação dos gastos com funcionalismo de 42,24% em 2006 para 44,9% em 2013. O índice ultrapassa o limite de alerta da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). No ano passado, para acelerar as obras na reta final do mandato, o governo Campos buscou empréstimos com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e com o Banco Mundial (Bird). Com isso, houve elevação do índice de endividamento sobre a receita de 45,75% em 2012 para 52,76% em 2013.

Segundo o Ibope, em dezembro, Campos tinha aprovação de 58% dos pernambucanos.

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