quinta-feira, 30 de outubro de 2014

RESSENTIDOS DA CÂMARA TROMBAM COM VONTADE POPULAR

Henrique Alves13
Tereza Cruvinel 
A decisão da Câmara de derrubar o decreto de Dilma através de um Decreto Legislativo não foi por votação nominal mas aprovação simbólica da maioria dos líderes, manobra que impediu o PT e os líderes governistas de mobilizar os aliados. Mas ainda que fosse no voto individual, o governo talvez perdesse numa Casa em que 40% não tiveram os mandatos renovados. Ainda falta a palavra do Senado, onde a situação do governo é melhor, embora Renan Calheiros também esteja falando grosso por lá. Fica do episódio uma lição para Dilma: com a Congresso velho, o Governo deve limitar ao máximo suas demandas legislativas este ano, limitando-se à aprovação do Orçamento de 2015. E deve mobilizar a base com que ainda conta para contrapor-se à criação de agendas negativas pelos ressentidos, especialmente por Henrique Alves.
O novo Congresso, que toma posse em fevereiro, deverá buscar mais sintonia com a vontade popular para reduzir o grande descrédito do Legislativo.   Os movimentos sociais mais relevantes, como MTST e o MST e os sindicatos apoiaram a reeleição da presidente Dilma mas cobraram uma participação mais efetiva em conselhos que já existem, como o Conselho Nacional de Saúde e o Conselho Nacional de Educação. O texto não cria conselhos novos mas fixa normas para a participação da sociedade civil, determinando que sejam efetivamente considerados pelos ministérios na formulação e execução de politicas públicas.
         A Dilma caberá manter a sintonia com as forças sociais que lhe deram o segundo mandato, buscando consolidar uma nova coalizão mais leal. Ela tem indicado uma inflexão á esquerda. Fez elogios ao PSOL, por exemplo. Tem força, neste momento, para requalificar sua base. Já o Congresso, se mantiver sua postura anacrônica e atrasada, em algum momento acertará contas com a sociedade. As manifestações de junho foram um aviso.

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