Unidade de saúde deveria ter sido inaugurada em 2013, mas está fechada. Moradores apelidaram local de 'UPA Fantasma'.
O endereço do abandono é a Avenida Professor José dos Anjos, no bairro do Arruda. É lá que deveria estar funcionando a sexta Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Recife. A ordem de serviço foi assinada em 27 de julho de 2012 e a previsão é que a unidade de saúde fosse inaugurada em janeiro de 2013. Mais de dois anos e meio depois, a UPA do Arruda nunca atendeu ninguém. A reportagem da TV Globo acampou por três dias no local e constatou o abandono. As obras estão praticamente finalizadas, mas não há sinal de trabalho. Faltam móveis e equipamentos médicos. A denúncia foi veiculada no NETV 1ª Edição desta quinta-feira (3).
Uma placa revela o valor do investimento: mais de R$ 5 milhões. Sem sinal de obras, o patrimônio inacabado perece ao tempo. Os portões, que sequer se abriram para a população, já estão enferrujados. Há rachaduras e pichações em algumas partes do muro. O mato está alto. Na entrada principal, muita poeira no piso. No outro lado, fios estão soltos. Nos fundos, muito lixo acumulado e tapumes para fechar três janelas. Materiais de construção estão espalhados no chão ou guardados em pequenas salas.
Do lado de dentro do prédio, tudo pronto, tudo novo, mas as instalações vazias. Paredes pintadas, portas, janelas e pias colocadas contrastam com a ausência de camas, macas, móveis e equipamentos médicos diversos.
Diante do descaso de conviver com um prédio pronto que não funciona, os moradores até deram um apelido ao lugar: “É a UPA fantasma”, define a comerciante Rosa Ferreira. Se tivesse sido inaugurada, a UPA atenderia mais de 30 mil pessoas do Arruda e ainda de bairros vizinhos. Gente como o lavador de carros Thiago Silva, que sofreu um acidente de bicicleta a poucos metros da unidade de saúde, fraturou um braço e teve de ser encaminhado à policlínica Amaury Coutinho, na Campina do Barreto, que estava superlotada. “A gente precisando de hospital, tem uma UPA aqui perto e não pode usar”, reclama.
Em dois dos três dias em que a reportagem esteve no local, não havia sequer vigilantes na UPA. A comunidade diz que o local está servindo como ponto de consumo de drogas. “As autoridades não resolvem nada e a gente fica à mercê. Isso está servindo para o povo pular e fumar maconha, pedra, namorar. Só funciona para ter assalto”, dispara a comerciante Rosa Ferreira.
A Secretaria Estadual de Saúde (SES) atribuiu o atraso nas obras à crise econômica vivida pelo Brasil. O órgão informou que, por isso, está refazendo o cronograma de inaugurações de novas unidades de saúde. A SES não deu prazo para a UPA do Arruda entrar em funcionamento.
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