domingo, 6 de setembro de 2015

Navio da Marinha brasileira resgata 220 imigrantes no Mar Mediterrâneo

Segundo relato do comandante Alexandre Amendoeira Nunes, imigrantes estavam havia dois dias sem comer

Navio da Marinha brasileira resgata 220 imigrantes no Mar Mediterrâneo Divulgação/Marinha do Brasil
Corveta Barroso, da Marinha do Brasil, saiu do Rio de Janeiro no dia 8 de agosto para substituir a fragata União na Força-Tarefa Marítima das Nações UnidasFoto: Divulgação / Marinha do Brasil
Duzentos e vinte imigrantes foram resgatados na tarde dessa sexta-feira (4), noMar Mediterrâneo, pela corveta Barroso da Marinha do Brasil, segundo informou o Ministério da Defesa em nota publicada em seu site. O navio brasileiro navegava com destino a Beirute, no Líbano, quando recebeu um alerta do Centro de Busca e Salvamento Marítimo italiano sobre a existência de uma embarcação com risco de afundar, tendo a bordo imigrantes que iam para a Europa.
Ao site G1, o comandante da embarcação, Alexandre Amendoeira Nunes, disse que os imigrantes estavam havia dois dias sem comer. O barco em que estavam tem dois andares, é feito de madeira e levava 350 tripulantes, apesar de ter capacidade para apenas 80.
Os tripulantes estavam em dificuldades, o combustível estava acabando e estavam com pouca comida. Como o peso estava mal distribuído, a embarcação estava adernada de lado já. Pelo que nos relataram, não havia um local específico de destino, buscavam qualquer local que pudessem desembarcar em solo italiano – explicou o oficial brasileiro, em entrevista ao G1.
Ao Jornal Hoje, o comandante também relatou como foram os momentos posteriores ao resgate:
– Pela manhã, após servirmos um café da manhã, eles começaram a interagir mais com a nossa tripulação, a efetuar brincadeiras e se sentiram muito agradecidos com o fato de um navio brasileiro ter os resgatado. Me sinto apenas um cidadão, um servidor da Marinha do Brasil. Sinto muito orgulho do que faço perante o Brasil. Nada de heroísmo, apenas a nossa função de salvaguarda da vida no mar, como somos treinados desde os bancos escolares.
Segundo o ministério, o pedido de auxílio ocorreu às 13h30min (horário de Brasília). O centro de busca italiano solicitou ao navio brasileiro que se aproximasse da posição da embarcação, que estava a cerca de 150 milhas da terra mais próxima, Peloponeso, Grécia. A corveta Barroso chegou ao local após uma hora de navegação. O ministro da Defesa, Jaques Wagner, foi informado dos detalhes da operação, pelo comandante da Marinha, almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira, e falou sobre a operação de resgate.
– O navio estava indo para o Líbano e acabou cumprindo outra missão humanitária, que é o resgate de refugiados, hoje uma preocupação que aflige o mundo inteiro. Foram salvas 220 vidas e evitamos outras mortes como a daquela criança síria que chocou o mundo – disse o ministro Wagner.
Entre as pessoas regatadas estavam 94 mulheres, 37 crianças e quatro bebês de colo (muitos deles debilitados). De acordo com a nota do Ministério da Defesa, dois navios-patrulha italianos participaram da ação, mas, tendo em vista a impossibilidade de receberem os imigrantes a bordo, a Guarda Costeira italiana solicitou o apoio dos brasileiros para fazer o resgate e levá-los para o porto italiano de Catânia.
A corveta Barroso saiu do Rio de Janeiro no dia 8 de agosto para substituir a fragata União na Força-Tarefa Marítima das Nações Unidas (FTM-Unifil), no Líbano. Ela vai atuar, ainda este mês, como nau-capitânia da missão e fazer tarefas de interdição marítima e capacitação da Marinha libanesa. O Brasil comanda a FTM-Unifil desde 2011.

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