Ex-ministro da Cultura diz que foi pressionado para liberar
obra em Salvador
Um dia após pedir demissão do Ministério da Cultura e
denunciar o ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) por pressionar
o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) para que
autorizasse a construção de um edifício com altura acima do permitido em
Salvador, o diplomata Marcelo Calero afirmou neste sábado (19), durante evento
no Rio de Janeiro, que não deseja a ninguém “estar diante de uma pressão
política, claramente um caso de corrupção” como ele afirma ter estado.
“Não me considero herói nem a pessoa mais honesta do mundo,
não tenho história de superação para contar, sempre tive uma vida confortável,
mas na conta, trabalhando para isso. Meu pai e minha mãe trabalharam muito, eu
estudava e trabalhava e fui criado num ambiente onde os valores de retidão e
honestidade sempre foram fundamentais. Não tenho iate, casa na praia nem joia
cara, mas tenho reputação e nome. Perco o cargo, mas não perco a cabeça. Esse
mundo (do poder em Brasília) é muito diferente, é rotina estar num nível de
milhões, a gente vai até perdendo a noção de normalidade das coisas. Eu cheguei
a contar para amigos o que estava acontecendo e perguntar: ‘Isso é errado
mesmo, como estou pensando, ou eu estou louco?’", contou Calero, que disse
ter narrado ao presidente Michel Temer (PMDB) no último dia 17 a pressão que
sofria.
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