Apesar das promessas de campanha do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, de deportar milhões de imigrantes ilegais em seu governo, muitos brasileiros que vivem no país de forma irregular não pensam em desistir do "sonho americano". Tanto os que vivem há muitos anos quando os que chegaram há poucos meses planejam manter suas rotinas e aguardar pelos próximos passos de Trump.
Entre os brasileiros indocumentados ouvidos pelo UOL -- a maioria dos nomes foi trocado para preservar as identidades dos entrevistados-- o presidente republicano não deve cumprir o prometido, e muitos lembram que o próprio Trump já começou a amenizar o seu discurso dias após a vitória sobre Hillary Clinton.
Entre as apostas de quem decidiu arriscar a permanência nos EUA, muitos avaliam que o eleito pode até legalizar os que não são "maus imigrantes", como Trump se refere aos ilegais envolvidos com o crime.
"Quando os indocumentados me perguntam o que penso que pode acontecer, digo que está muito cedo para fazer qualquer julgamento", diz Solange Paizante, coordenadora da ONU Mantena Global Care, que atende imigrantes legais e ilegais latinos.
"Toda mudança causa insegurança, é natural temer o desconhecido. E é necessário ter fé e esperança, acreditar que somos mais do que corajosos, deixamos nossa pátria, família e amigos", afirma. "Podemos ter surpresas agradáveis. Lembre-se de que a grande anistia em 1986 foi feita por um republicano."
Veja alguns depoimentos de brasileiros vivendo de forma ilegal nos EUA:
Não penso em tentar a legalização. Hoje é dinheiro jogado fora"
Joana, 45 anos, vive em Nova York
Cheguei aos EUA há nove anos e entrei pela porta da frente, com visto de turista. Vim em busca de uma vida melhor e não me arrependo de estar aqui ilegalmente. Meu marido veio primeiro, está aqui há 11 anos. Trabalhou muitos anos na construção, e o patrão dele era um policial. Hoje ele é pintor. Quando cheguei, não tinha trabalho. Fiquei muito tempo como ajudante de empregada doméstica. Hoje tenho tudo o que queria: minha casa e meu próprio trabalho. Sou eu quem leva a ajudante quando é preciso.
Não precisaria pagar os meus impostos aqui. Mas faço questão. A minha família toda paga porque acha que o país é mais do que merecedor de receber a nossa contribuição. É uma gratificação que faço por estar aqui, ter sido acolhida e recebida.
Tivemos uma surpresa muito grande com a vitória de Donald Trump, ninguém esperava. Daqui para frente, a gente deve ficar preparado para novas surpresas. E penso que ele não vai ficar no meio termo, em cima do muro. Ele pode mandar todo mundo embora logo de uma vez ou legalizar os imigrantes que trabalham aqui. Pode ser também que ele faça uma reciclagem, escolhendo quem fica e quem vai embora.
Nós vamos levando até onde der para levar. E na hora em que não der mais, é só agradecer a Deus pelo tempo que ficamos aqui, arrumar a nossa mala e ir embora para Minas Gerais, onde nossa família vive.
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