DENÚNCIA FOI FEITA HOJE, EM LONDRES, PELA ANISTIA INTERNACIONAL; ARMA TERIA INTERESSE EM DESPEJO DE 40 FAMÍLIAS DE RIO DOS MACACOS, PARA AMPLIAÇÃO DA BASE DE ARATU; FUZILEIROS ARMADOS INTIMIDAM MORADORES E BARRAM PRESENÇA DE AGENTES DO GOVERNO; LANÇADA CAMPANHA INTERNACIONAL DE SOLIDARIEDADE
Um dos moradores afirmou: “Hoje eu vivo com medo dentro da minha própria casa". Outro: "Os rapazes da Marinha botaram a arma na minha cabeça e disseram que iam atirar. Eles não queriam que eu conversasse, disseram que eu tava conversando muito."
Em 1960, a Base Naval de Aratu foi construída em terras vizinhas à comunidade. Em 2009, um juíz local expediu uma ordem de despejo para autorizar a extensão da base naval. A ordem foi contestada judicialmente pela comunidade e pelo Ministério Publico Federal, o que culminou no registro da comunidade como quilombola pelo Instituto Zumbi dos Palmares em 14 de outubro de 2010 – a primeira etapa no processo de reconhecimento e titulação de terras quilombolas. Desde a certificação, as ameaças têm se intensificado.
A exortação da Anistia sobre o caso está abaixo, confira:
Por favor, escreva imediatamente em português ou na sua própria língua para: 1) instar as autoridades a suspender a ordem de despejo contra a comunidade Rio dos Macacos até que situação legal das terras seja resolvida, e garantir aos moradores proteção adequada na forma que desejarem; 2) exortar as autoridades a investigar cuidadosamente todas as acusações de ameaças e intimidação contra a comunidade e trazer os responsáveis à justiça; 3) exortar as mesmas a assegurar uma conclusão rápida e transparente para o processo de reconhecimento da comunidade como quilombola, de modo a garantir sua segurança efetiva e a longo prazo.
POR FAVOR, ENVIE SEU APELO ANTES DE 5 DE ABRIL PARA: MInistro da Defesa - Exmo. Sr. Celso Amorim - Esplanada dos Ministérios, Bloco "Q" 70.049-900 - Brasília/DF –Brazil - Fax: + 55 61 3312 8521; e
Ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da Republica - Exma . Sra. Maria do Rosário Nunes - Setor Comercial Sul-B, Quadra 9, Lote C - Edificio Parque Cidade Corporate, Torre "A", 10º andar,70308-200 – Brasília/DF,Brazil Fax: + 55 61 2025 9414;
e cópias para: Movimento dos Pescadores e Pescadoras -Travessa Porto do Bomfim, 04, Bomfim, CEP 40.415-035 - Salvador-Bahia – Brazil - Fax: +55 71-3321-4423
Caso resida fora do Brasil, envie cópias também para os representantes diplomáticos acreditados em seu país.
Por favor, verifique com o escritório ou seção da AI em seu país ou através de contato@anistia.org.br caso deseje enviar apelos depois da data recomendada acima.
Informação adicional
Comunidades quilombolas são grupos étnicos, predominantemente constituídos pela população negra, que se autodefinem a partir das relações com a terra, ancestralidade, práticas e tradições culturais próprias. A Constituição Brasileira de 1988 (artigos 215, 216 e ADCT 68) reconhece o direito dessas comunidades às terra. Particularmente o artigo 68 das Disposições Transitórias dispõe que "aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos". Uma série de leis federais e estaduais foram outorgadas para regular a forma como as terras quilombolas são identificadas e como os títulos de propriedade devem ser conferidos as comunidades remanescentes de quilombos.
Além da legislação nacional, o Brasil também é partidário da Convenção da Organização Internacional do Trabalho de 169, da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, e da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, que reafirmam os direitos dos grupos afro-descendentes aos direitos culturais e de propriedade, bem como os princípios da não discriminação e igualdade perante a lei.
Existem 3.500 comunidades quilombolas no Brasil. Mais da metade foi certificada oficialmente mas apenas 120 completaram o longo e complicado processo de reconhecimento e ganharam o título de propriedade das terras. Muitas revindicações esbarram em disputas – por vezes violentas – com donos de terras locais. Uma série de casos têm envolvido disputas com bases militares, incluindo Marambaia no estado do Rio de Janeiro e Alcântara no estado do Maranhão.
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