Em depoimento sigiloso ao procurador-geral da
República, Roberto Gurgel, em setembro deste ano, o operador do mensalão
citou o ex-presidente e o ex-ministro da Casa Civil, bem como o
prefeito assassinado de Santo André, Celso Daniel; condenado a mais de
40 anos de prisão, Marcos Valério se propõe a fazer delação premiada e
diz correr risco de vida
A manchete desta quinta-feira do Estado de S. Paulo pode
dar novos contornos ao escândalo do mensalão. O jornal noticia que
Marcos Valério, operador do esquema já condenado a mais de 40 anos de
prisão, prestou depoimento sigiloso ao Ministério Público Federal,
citando o ex-presidente Lula, o ex-ministro da Casa Civil, Antonio
Palocci, e até mesmo o prefeito assassinado de Santo André, Celso
Daniel. O depoimento ocorreu em setembro deste ano, em pleno julgamento
da Ação Penal 470, e foi tomado pelo próprio procurador-geral da
República, Roberto Gurgel.
Condenado a mais de 40 anos de prisão por corrupção ativa, lavagem de
dinheiro e formação de quadrilha, Marcos Valério encaminhou ao Supremo
Tribunal Federal, por meio do advogado Marcelo Leonardo, um pedido de
delação premiada, para, assim, reduzir suas penas. Valério também quer
ser incluído no sistema de proteção a testemunhas, pois alega sofrer
risco de ser assassinado. De acordo com a reportagem de Fausto Macedo e
Felipe Recondo, Valério teria mencionado outras remessas que fez ao
exterior, além do pagamento ao publicitário Duda Mendonça, recentemente
absolvido pelo Supremo Tribunal Federal.Ao saber que a reportagem seria publicada, o advogado Marcelo Leonardo reagiu com indignação. "Se essa matéria for publicada e o meu cliente for assassinado, terei que dizer que ele foi assassinado por causa dessa matéria", disse o criminalista aos repórteres do Estadão. Outro advogado, José Roberto Batochio, que representa Antonio Palocci, contestou a menção ao nome do seu cliente, qualificando as afirmações de Valério como "insanidade derivante de um estado psicológico diante da situação que ele vive".
O pedido de proteção, bem como o de delação, serão analisados pelo ministro Joaquim Barbosa, assim que ele retornar do seu tratamento de saúde na Alemanha, onde se submete a uma terapia contra dores na coluna. De acordo com o advogado, Valério não tem mais o que acrescentar à Ação Penal 470, já finalizada, mas pode agregar informações a outros eventuais inquéritos.
O ex-presidente Lula e o ex-ministro Palocci não são réus na Ação Penal 470 e caberá ao Ministério Público avaliar se as informações prestadas pelo empresário são suficientes para a abertura de um novo inquérito. Roberto Gurgel, no entanto, avisa que isso não ocorrerá neste momento. "Enquanto esse julgamento não terminar, não examino nada", disse ele aos jornalistas do Estadão.
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