Em quatro anos à frente da Casa Branca, o
presidente Barack Obama não foi além de facilitar a concessão de vistos
de entrada aos brasileiros, mantendo a relação entre os países
"estável", na avaliação do Palácio do Planalto; o drama é que, apesar de
ter sido o único a mencionar a América Latina durante a campanha, o
adversário Mitt Romney pode ser ainda pior para os interesses
brasileiros
É possível
argumentar que Barack Obama tinha questões mais urgentes para tratar à
frente da Casa Branca, mas o fato é que o presidente que parece ter a
preferência dos brasileiros (e de boa parte da Europa) não fez quase
nada durante os últimos quatro anos para se aproximar de seu maior
vizinho do sul. Prova disso é que, apesar de alguma afinidade ideológica
com os democratas, o Palácio do Planalto trata Obama e Romney como praticamente iguais.
A situação de Obama piora diante dos brasileiros, contudo, quando se
leva em conta que, apesar de a economia americana ter passado por um de
seus piores momentos nos últimos quatro anos, o presidente democrata
avançou muito pouco na política de vistos com o Brasil, um dos maiores
mercados consumidores do mundo (outro discreto passo de aproximação foi a
promoção do intercâmbio estudantil e científico). A explicação talvez
esteja resumida em editorial do The Washington Post publicado em abril passado, quando Dilma foi recebida na Casa Branca: essa relação não interessa aos Estados Unidos.O jornal destacava à época que o maior interesse da política externa brasileira no momento é conseguir um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas. E para votar contra os interesses dos 'imperialistas' Estados Unidos. Coincidência ou não, americanos e brasileiros não se entenderam, quando, ainda no governo Lula, Brasil e Turquia costuraram um acordo para interromper o processo de enriquecimento de urânio no Irã.
Juntos, esses elementos ajudam a explicar por que Obama não foi capaz de construir relações calorosas com Lula ou Dilma. Os interesses, por mais que ambos os países possam se beneficiar da relação econômica, não batem. Sem agendas comuns – e de certa forma em campos opostos –, os dois países não conseguiram nem abolir o visto de entrada nos EUA para os brasileiros, que já ultrapassaram os chineses em número de concessões, graças ao batalhado aumento do investimento americano para a liberação.
A distância entre os dois países é tão evidente que serviu de munição para o adversário Mitt Romney no terceiro e último debate travado entre os dois. "A América Latina tem uma economia quase tão grande quanto a da China, e e só olhamos para a China", disse Romney, em uma das únicas menções ao vizinhos do sul de toda a eleição. O drama para os brasileiros é que, apesar do discurso, a alternativa a Obama não chega a ser muito animadora. Ainda mais distante ideologicamente do governo brasileiro, Romney pode acabar transformando em tensão o que hoje não passa de uma morna estabilidade.
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