De volta da Alemanha, onde fez tratamento para a
coluna, Joaquim Barbosa retoma nesta quarta o julgamento da Ação Penal
470; Ayres Britto, que se aposenta no dia 19, ainda tenta criar sessão
extra para participar da dosimetria; falta fechar a pena de Marcos
Valério, que se vê como colaborador, e definir a de réus já condenados
como José Dirceu, José Genoino e Delubio Soares
Depois de quase duas semanas, o julgamento da Ação Penal
470, o processo do mensalão, será retomado hoje (7), a partir das 14h.
Os ministros estão na fase inicial da definição de penas para cada réu,
de acordo com as condenações estabelecidas na etapa anterior.
Atualmente, a Corte está fixando a pena de Ramon Hollerbach, ex-sócio do
publicitário Marcos Valério.
O julgamento está suspenso desde o dia 25 de outubro por uma série de
incompatibilidades no calendário. O relator do processo, ministro
Joaquim Barbosa, viajou para a Alemanha na semana passada para
tratamento de saúde. Na segunda (5), a sessão foi desmarcada por
coincidir com o Encontro Nacional do Judiciário, que ocorreu em Sergipe
até ontem (6). Para Barbosa, o intervalo pode ser benéfico para dar novo
fôlego à fase da dosimetria (cálculo das penas dos réus). "Todo mundo
pode descansar um pouco", ponderou.Já se passaram três meses desde o início do julgamento, que ainda não tem data para terminar. O processo foi a plenário no dia 2 de agosto, com a solução de questões preliminares e apresentação das teses de acusação e de defesa nos dias seguintes. A fase de condenações e absolvições começou em 16 de agosto, com a condenação de 25 dos 37 réus.
A terceira e última etapa, da fixação das penas, começou no dia 23 de outubro e não há previsão de quando vai acabar. Os ministros estão divergindo sobre critérios de condenação.
A única pena conhecida até agora é a de Marcos Valério, condenado a mais de 40 anos de prisão e multa de quase R$ 2,8 milhões. Ramon Hollerbach já foi condenado a mais de 14 anos de prisão e R$ 1,6 milhão em multa por cinco crimes, mas ainda restam três para ser analisados. Os ministros alertam que as penas já fixadas podem mudar.
É dado como certo que Ayres Britto não participará do final do julgamento – são apenas quatro sessões até a aposentadoria compulsória do ministro, no dia 14 de novembro. Ainda assim, ele acredita nessa possibilidade. Britto estuda a convocação de uma sessão extraordinária em 16 de novembro, seu último dia de trabalho na Corte.
A partir de então, a presidência interina ficará com Barbosa até a posse no dia 22 de novembro. O ministro já declarou que não vê impeditivo no fato de presidir a Corte e relatar o processo do mensalão ao mesmo tempo. Barbosa disse ontem (6), em Sergipe, que não haverá mudanças signficativas na condução do processo. "Não mudará grande coisa porque há grande afinidade entre o ministro Ayres Britto e eu, sempre houve".
Edição: Graça Adjuto
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