Famílias de Camaragibe e São Lourenço da Mata reclamam de indenizações
Laila Santana/Folha de Pernambuco

Comunidades dos municípios de Camaragibe e São Lourenço da Mata, na Região Metropolitana do Recife (RMR), receberam a visita de auditores da Secretaria de Controle Interno da Presidência da República, com o propósito de avaliar a situação das pessoas afetadas pelas obras de infraestrutura da Copa do Mundo de 2014. Na ocasião, moradores que tiveram que negociar suas residências para a construção de obras relacionadas à Copa denunciaram a falta de diálogo por parte do Governo Estadual e também dos baixos valores oferecidos para a desapropriação dos imóveis envolvidos.
De acordo com a coordenadora do Comitê Popular da Copa do Mundo em Pernambuco, Dilce Feitosa, cerca de 800 famílias estão sendo desapropriadas nas comunidades de São Francisco, Cosme e Damião e Delmiro Golveia, em Camaragibe. “Estão acontecendo desapropriações injustas, sem planejamento, o governo está avisando as pessoas de última hora. São violações do direito à propriedade, sociais, que estão surgindo com a situação”, revelou. A coordenadora também atentou para o fato de que naquela região já existem casas que estão em situação de risco e por isso precisam ser desapropriadas, além das envolvidas com o evento. “Diante do trabalho nacional realizado, nós temos a certeza de que essa Copa não está sendo feita para o povo”, avaliou.
Durante a visita dos auditores, foram colhidas informações e imagens para um relatório que será finalizado nos próximos 40 dias. “São muitas as situações que tomamos ciência nessas visitas. Depois de finalizado o relatório, vamos encaminhá-lo para os órgãos e ministérios competentes para que possam ser adotadas medidas saneadoras”, pontuou um dos auditores, André Marine. De acordo com o auditor, ações como esta também foram realizadas nas cidades de Natal, Belo Horizonte, Porto Alegre e Curitiba.
A maior queixa realizada pela população é com relação ao preço oferecido pelo governo aos moradores para desapropriação das residências. “Eu achei injusto o valor proposto por eles e rejeitei. Estou me sentindo muito prejudicado porque se o governo vai fazer qualquer coisa, nós temos que ser beneficiado também. A única coisa que é certa é que temos que aceitar o que eles querem porque temos que sair daqui”, desabafou o aposentado Humberto Machado, 74 anos, que há 22 anos mora na rua Luzia Alves, no bairro do Timbi.
Alguns moradores queixaram-se de acordos realizados com representantes do governo, contratos assinados e, posteriormente, cancelados. “É de uma desonestidade muito grande, porque nossas casas foram compradas através do nosso suor e esforço”, desabafou o aposentado Gerônimo de Oliveira, 70. No caso da autônoma Quézia dos Santos, 37, a situação é ainda pior porque parte da sua casa já foi demolida, mesmo sem haver um acordo financeiro. “Disseram que precisavam fazer um canal e a máquina não entrava, por isso derrubaram. Até pediram desculpas porque derrubaram, mas até o momento nenhum acordo foi fechado”, relatou.
Rodrigo Passos, da Folha de Pernambuc
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