A desistência do PTB nacional em apoiar a reeleição da presidente Dilma, por disputa de cargos na Caixa, e anunciar apoio ao presidenciável pelo PSDB, Aécio Neves, deixa dúvidas sobre o desempenho do senador e pré-candidato ao governo de Pernambuco pelo PTB, Armando Monteiro; embora o diretório regional petebista tenha anunciado que defenderá de forma "unânime" apoio a Dilma, o congressista não poderá usar as imagens da Lula e da presidente em sua campanha por conta da posição tomada pelo partido em nível nacional; de acordo com cientistas políticos, o parlamentar não deverá sofrer prejuízos em sua campanha, mas apresentam argumentos diferentes
Leonardo Lucena, Pernambuco 247 – A desistência do PTB nacional em apoiar a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT), por disputa de cargos na Caixa Econômica Federal, e anunciar apoio ao presidenciável pelo PSDB, senador Aécio Neves (MG), deixa dúvidas sobre o desempenho do senador e pré-candidato ao governo de Pernambuco pelo PTB, Armando Monteiro, na corrida eleitoral. Embora o diretório regional petebista tenha anunciado que defenderá de forma "unânime" apoio a Dilma, na convenção nacional do partido, marcada para o próximo dia 27, em Salvador, na Bahia, o congressista não poderá usar as imagens da Lula e da presidente em sua campanha por conta da posição tomada pelo partido em nível nacional. Mas, de acordo com analistas políticos, o parlamentar não deverá sofrer prejuízos em sua campanha.
Além de concorrer ao Palácio do Campo das Princesas contra o ex-secretário estadual da Casa Civil Paulo Câmara (PSB), indicado pelo seu correligionário e presidenciável pela sigla, Eduardo Campos, que chegou a quase 90% de popularidade em Pernambuco, segundo algumas pesquisas, Armando enfrentará um palanque, a Frente Popular, com mais de 20 partidos. Ou seja, disputar contra a maior coligação da história de Pernambuco significa que o senador tem o tempo de televisão como adversário durante sua campanha.
Utilizar as imagens de Lula e Dilma seria um forte subsídio para Armando alavancar o seu percentual de votos (ele já lidera em pesquisa feita pelo Ibope), o que provavelmente não ocorrerá, caso a Direção Nacional do PTB oficialize, no final deste mês, apoio ao senador Aécio Neves. Segundo o cientista político Michel Zaidan Filho, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o senador terá prejuízo eleitoral, "mas não vai deixar de dizer que tem apoio" dos dois principais nomes do PT.
O especialista afirma que o sucesso, tanto de Armando como de Paulo Câmara, dependerá da transferência de votos dos seus principais cabos eleitorais, Lula e Eduardo Campos, respectivamente. Para Zaidan, o senador petebista tende a ser mais beneficiado do que o ex-secretário. "A candidatura de Campos está indo ao fiasco, o que deve prejudicar Câmara", diz.
Pesquisa divulgada pelo Ibope na última quinta-feira (19) apontou o ex-governador de Pernambuco com 10% dos votos, queda de três pontos percentuais (p.p) em relação ao levantamento anterior, anunciado no dia 10. A presidente Dilma segue na liderança, com 39%, aumento de um p.p., e o senador Aécio Neves, na segunda posição, com 21% do eleitorado, declínio de um p.p.
Zaidan lembra a influência de Campos na eleição municipal de 2012, quando o presidenciável indicou o então secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Geraldo Júlio, um candidato que, apesar de ser desconhecido, foi eleito ainda no primeiro turno 51,15%, ou 453.380, dos votos válidos. "Assim como houve uma estadualização da eleição municipal, haverá uma nacionalização da eleição estadual (em 2014)", afirma o analista. "O prejuízo de Armando tende a ser compensado pelo desempenho de Dilma, que tende a ser mais influente do que o de Eduardo para Paulo Câmara".
O analista político Hely Ferreira, que também é professor da UFPE, recorda o pleito estadual de 1990, quando o PFL (atual DEM), tendo como candidato Joaquim Francisco, disputou contra o PMDB, cujo postulante era Jarbas Vasconcelos, e venceu com 51% dos votos válidos. Enquanto os dois partidos eram adversários em Pernambuco naquele ano, em São Paulo faziam parte da mesma coligação, Novo Tempo, que tinha como candidato Luiz Antônio Fleury Filho, eleito governador.
Para o magistrado, assim como eleições estaduais em diferentes estados não se misturam dentro dos partidos, esta dissociação também acontece com o eleitor, mesmo que em pleitos diferentes, sendo um para governador e outro presidente da República. "O eleitor não faz essa disputa entre o cenário local e o nacional", diz. Ferreira afirma que cabos eleitorais não têm poder de transferência de votos.
Se, por um lado, os dois especialistas têm visões diferentes sobre até que ponto os pleitos estadual e nacional se associam, por outro lado, ambos concordam que o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos terá dificuldades em alavancar suas intenções de voto. Assim como Zaidan, Hely Ferreira acredita que o slogan de "nova política" tem prejudicado o presidenciável. "O discurso é de nova política, mas na prática é a velha política", acrescenta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário