247 – A presidente Dilma Rousseff não recebeu a melhor notícia da semana ao desembarcar em Doha, no Qatar, para uma parada de descanso em sua viagem à Austrália, para a reunião do G20. A comitiva que a acompanha foi surpreendida, em terra, pela notícia da demissão, por carta, da ministra da Cultura, Marta Suplicy. Mais ainda pelos termos usados por Marta, que criticou a política econômica e fez torcida para que um novo nome à frente do Ministério da Fazenda possa "resgatar" a credibilidade do governo junto ao mercado.
A presidente não fez declarações durante a parada, mas sua assessoria adiantou que ele poderá dar uma entrevista coletiva na quarta-feira 10.
Na véspera da saída de Marta também houve surpresa pelo tom empregado pelo secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, na entrevista que ele concedeu à rádio BBC Brasil. Usando termos como "tiro no pé" e "falta de diálogo", o ministro afirmou que o governo de Dilma teve um relacionamento pior com os movimentos sociais e no enfrentamento da questão indígena do que a gestão do presidente Lula. Não havia sinais de que Carvalho fosse alfinetar a presidente. Da soma das duas manifestações ficou a certeza de que Dilma precisará de um ministério, no segundo mandato, com mais unidade em torno de sua figura institucional.
Abaixo, notícia sobre a entrevista do ministro Gilberto Carvalho à BBC Brasil:
247 – O secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, fez críticas ao governo da presidente Dilma Rousseff nesta segunda-feira 10, em entrevista à BBC Brasil. Ele está de saída do governo federal. Questionado sobre se pode ser embaixador do país na próxima gestão, foi irônico: "Só se for no Afeganistão".
Amigo pessoal do ex-presidente Lula, com quem convive desde os tempos do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, na década de 1970, Carvalho foi nomeado por Lula e mantido por Dilma. Na entrevista, ele não deixou de comparar as duas administrações.
- O governo da presidente Dilma deixou de faze de forma tão intensa, como era feito no tempo do Lula, esse diálogo de chamar os atores antes de tomar decisões, afirmou Carvalho, referindo-se aos líderes de entidades que formam os movimentos sociais.
- (Faltou) ouvir com cuidado e ouvir muitos diferentes, para produzir sínteses que contemplassem os interesses diversos.
O secretário-geral considerou que houve "poucos avanços" na gestão Dilma em relação às reformas agrária e urbana e na demarcação de terras indígenas.
Na crítica mais dura, Carvalho afirmou que "faltou competência e clareza" ao governo federal no desenvolvimento de uma política de demarcação de terras. "Foram dados alguns tiros no pé", classificou ele.
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