Polícia Federal tenta prender nesta manhã dois irmãos do ministro da Agricultura, Neri Geller, em combate a um esquema de venda ilegal de terras da União destinadas à reforma agrária; estima-se que 80 fazendeiros e empresários do agronegócio fazem parte do esquema; prejuízos aos cofres públicos podem ser de R$ 1 bilhão; segundo a assessoria de imprensa da pasta, ministro está no exterior representando Michel Temer e não pode se pronunciar no momento; agentes da Operação Terra Prometida cumprem 227 mandados judiciais em municípios do Mato Grosso, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul
247 – A Polícia Federal deflagra na manhã desta quinta-feira 27 a Operação Terra Prometida, que tenta prender dois irmãos do ministro da Agricultura, Neri Geller. Odair e Milton Geller são suspeitos de fazer parte de um esquema de venda ilegal de lotes da União destinados à reforma agrária. Os policiais cumprem 227 mandados judiciais nos estados do Mato Grosso, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Segundo a assessoria de imprensa do Ministério da Agricultura, Geller está em viagem no exterior representando o vice-presidente da República, Michel Temer, e não pode se pronunciar sobre o tema no momento. A assessoria informou não ter detalhes sobre a operação da PF que mira os irmãos do chefe da Agricultura.
"A investigação apurou que o grupo criminoso, formado por fazendeiros, empresários e grupos do agronegócio procurava obter uma verdadeira 'reconcentração fundiária' de terras da União que haviam sido destinadas à reforma agrária. Com ações ardilosas, uso da força física e até de armas, compravam a baixo preço ou invadiam essas áreas", diz nota da PF.
Os lotes, avaliados, cada um, em cerca de R$ 1 milhão, era comprados após coerção dos empresários por valores baixos. Os prejuízos aos cofres públicos podem ter chegado a R$ 1 bilhão. Estima-se que o esquema envolvia 80 fazendeiros e empresários do agronegócio. Leia abaixo nota da PF com detalhes da operação:
PF combate quadrilha que fraudava concessão de lotes da reforma agrária
Cuiabá/MT – A Polícia Federal deflagrou hoje, 27, a Operação Terra Prometida que tem como objetivo desarticular organização criminosa responsável por fraudes na concessão de lotes destinados à reforma agrária. Estima-se que mil lotes da União estejam em situação ilegal. O prejuízo aos cofres públicos pode alcançar R$ 1 bilhão.
Aproximadamente 350 policiais federais estão dando cumprimento a 227 mandados judiciais: 52 de prisão preventiva, 146 de busca e apreensão, além de 29 medidas proibitivas. Os mandados estão sendo cumpridos no Mato Grosso (nas cidades de Cuiabá, Várzea Grande, Nova Mutum, Diamantino, Lucas do Rio Verde, Itanhangá, Ipiranga do Norte, Sorriso, Tapurah e Campo Verde), Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Dentre os alvos há oito servidores públicos. Estima-se que 80 fazendeiros estejam envolvidos no esquema.
A investigação apurou que o grupo criminoso, formado por fazendeiros, empresários e grupos do agronegócio, procurava obter uma verdadeira "reconcentração fundiária" de terras da União que haviam sido destinadas à reforma agrária. Com ações ardilosas, uso da força física e até de armas, compravam a baixo preço ou invadiam essas áreas.
Para a manutenção do comércio ilegal e reconcentração de terras da reforma agrária, no decorrer dos últimos dez anos, a organização criminosa fez uso de documentos falsos, ações de vistoria simuladas, termos de desistência fraudados e dados inverídicos incluídos no Sistema de Informações de Projetos de Reforma Agrária (SIPRA/INCRA), propiciando que grandes latifundiários, grupos de agronegócio e até empresas multinacionais ocupassem ilicitamente terras da União destinadas à reforma agrária.
A PF verificou também que o esquema contava com o auxílio de servidores corrompidos do INCRA, integrantes de entidades de classe, bem como servidores de Câmaras de Vereadores e de Prefeituras Municipais.
Os investigados responderão, na medida de suas responsabilidades, por crimes de invasão de terras da União, contra o meio ambiente, falsidade documental, estelionato e corrupção ativa e passiva. As penas podem chegar a até 12 anos de reclusão.
O nome da Operação "Terra Prometida" remete à promessa de terras feita por Deus ao povo escolhido.
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