Tiradentes e o calvário dos professores em Pernambuco

Marcellus Batalha

Em um tempo em que todos nós tentamos ser – de alguma forma – revolucionários, seja nas redes sociais ou nas ruas, é bom relembrar a história de Tiradentes. Joaquim José da Silva Xavier foi um dos líderes da Inconfidência Mineira, um movimento que queria libertar o Brasil de Portugal e instalar a República por aqui.

No final do século XVIII, durante o ciclo do ouro, os inconfidentes se revoltaram com o abuso político e econômico de Portugal. Entretanto, Tiradentes foi punido e levado à forca após o grupo ser delatado. A Proclamação da República só ocorreu 100 anos depois.

Mesmo com o fracasso, a Inconfidência virou símbolo de luta pela liberdade e pela independência. Imaginem vocês que o fruto desta mesma liberdade (ou pseudoliberdade), que usufruímos hoje para manifestarmo-nos por tudo que achamos injusto, foi plantado lá atrás.

Ainda assim, passados mais de duzentos anos, assistimos à incapacidade de nossos ‘líderes’ para o diálogo. Agora mesmo, inspirado nos algozes do subversivo mártir brasileiro, Paula Câmara – governador de Pernambuco - usa a caneta como arma psicológica e trata os profissionais da educação com requintes de crueldade.

Para mostrar que não está brincando, o Governo de Paulo retalia – meticulosamente – os ‘desordeiros‘ educadores. Estrategicamente, seu propósito é o de instaurar o sobressalto e arrefecer os revoltosos através da política do medo.

Posando de democrata, utiliza-se a seu bel-prazer dos meios de comunicação para ‘justificar‘ a sua incapacidade de cumprir a lei que reajusta os salários dos docentes. Esquece-se, propositadamente, no entanto, de que deputados e servidores do Tribunal de Contas tiveram tratamento diferenciado.

Contando com a fidelidade canina de gerentes regionais – alguns, corruptos (e há farta evidência material) – o jovem governador evoca o seu lema “Juntos, podemos mais“, esquarteja professores em cada esquina e comete a proeza de reescrever a história, exterminando novos Tiradentes e refundando a sua própria Capitania Hereditária.

Que sirva de exemplo!

Fonte: blog ImprensaLink