ARTIGO: A ELEIÇÃO DAS "MORTES" por Dr. Marco Albanez.

"Amigos pessoal e de infância há mais de 50 anos, eu e Jairo éramos, até então, adversários. Nunca inimigos." 

Por Marcos Albanez 

 É bem verdade que o “ditado” que circula nas hostes políticas não se trata de ficção: cada eleição tem a sua história e não importa se seja real, seja desespero dos eleitores, seja “esquema” de candidatos – jogam a “notícia” nas ruas e se colar, colou, a qual é conhecida como “barriga” nos meios jornalísticos – e até malandragem de “coordenadores” de campanha ou de puxas-saco. Outra realidade é a que algumas posições e/ou decisões honram determinados políticos, enquanto outras mancham o caráter de alguns deles.

  Participei de todas as campanhas em São Lourenço da Mata a partir de 1968 até 2014, sendo que nas de 1988 e 1996 obtive o mandato de vereador e nas duas ocasiões fui presidente da Câmara Municipal. Já em 1992, fui eleito vice-prefeito, tendo assumido a chefia do Poder Executivo tanto como presidente do legislativo (1989), como vice-prefeito, em várias ocasiões. Comecei a escrever um livro sobre essa trajetória... e algumas pessoas já podem se preocupar.

  Mas a do ano de 2016 promete. Pelo “andar da carruagem”, será o pleito mais prático e, paradoxalmente, o mais esdrúxulo e vergonhoso da história política de São Lourenço da Mata. Mesmo faltando um ano e quatro meses para o dia da eleição, as mentiras, as safadezas, os “esquemas”, a falta de caráter... e o medo, já começam a causar “pandemia imoral” em muitas pessoas do município.

  Há cinco anos – portanto, três anos após ter rompido com o atual prefeito após mais de 40 anos de unidade política – formalizei uma aliança com o ex-prefeito Jairo Pereira visando à eleição do próximo ano: ele como candidato a prefeito e eu como seu companheiro de chapa. Como a politica é muito dinâmica, seu filho Bruno Pereira, que venceu as últimas eleições, no município, para o candidato da situação – apoiado pelo prefeito, mais de 10 vereadores, governador do Estado e “pela máquina” – por quase mil votos, deverá ser o candidato da chapa majoritária. (E Jairo esperando a de 2018.)

   Amigos pessoal e de infância há mais de 50 anos, eu e Jairo éramos, até então, adversários. Nunca inimigos. E durante todo esse tempo, sempre nos encontrávamos para conversar, trocar ideias e discutir futebol, fosse nas ruas, em restaurantes ou no escritório. Sempre houve respeito mútuo e nunca, jamais, em tempo algum, houve qualquer desavença entre nós dois. Aliás, um fato que me causou surpresa e admiração foi quando ele recebeu “convite” do ex-governador Eduardo Campos para ter seu apoio em sua primeira eleição – vitoriosa – para ser o mandatário do Estado. Ao negar, perguntei a ele o motivo. Em resposta, me disse que “sou homem de palavra e não vou abandonar Jarbas Vasconcelos, mesmo sabendo que perderá a eleição, pois foi ele quem me ajudou a governar e modernizar a cidade de São Lourenço." (Eis uma posição e/ou decisão que honra um homem.) Aliás, a maioria dos políticos, que se considera expert no assunto, geralmente “esquece” três regras básicas da política: o poder não é eterno; nunca queira ter um ex-aliado como adversário; e a ingratidão não tem prazo de validade.

   Pois bem. “Todos os dias, diariamente, de segunda-feira a domingo”, “não sei” quem, queima a minha virtual candidatura de vice-prefeito nas próximas eleições com boatos, mentiras, hipocrisias e até temor pelo “câncer” que o medo provoca: que não serei candidato (e não poderei ser se dois fatos acontecerem: morrer ou me tornar inelegível), que serei “queimado”, que o candidato será fulano, beltrano ou cicrano, enfim, com parafernálias políticas que pressupõem um desencontro ao clamor dos leais e verdadeiros amigos e, principalmente, da população.

E por quê “A Eleição das Mortes?”

   Primeiro, se já não bastassem às mentiras, as “barrigas”, os boatos e o medo, “mataram” Jairo Pereira, cuja morte foi anunciada até por uma rádio da cidade. Depois, a “minha morte”, já com meu corpo sendo velado no salão nobre da Câmara Municipal, cujas “notícias” abalaram as famílias de Jairo e a minha – em parte –, além de amigos e correligionários. Agora, só falta ser anunciada a “morte” de Bruno Pereira.

“Tudo bem”, mas esperem para anunciar as nossas mortes após o resultado das eleições do próximo ano. 

*Marco Albanez é advogado e jornalista