Nota média situa grau de confiabilidade da urna em nível intermediário. Pesquisa encomendada por tribunal ouviu 1.964 eleitores de todas as regiões.
Dos 1.964 entrevistados, 20% deram nota 0, mostrando total desconfiança em relação às urnas. Outros 18% deram notas entre 1 e 4 (baixa confiança). Num nível intermediário, 27% deram notas 5, 6 e 7. Os demais 35% avaliaram as urnas com notas 8, 9 e 10. A desconfiança cresce quanto maior o grau de escolaridade, segundo a pesquisa.
O levantamento, divulgado nesta quarta-feira (28) pelo TSE, foi realizado por um instituto privado (Checon) e uma agência de propaganda (Borghi/Lowe), e dividido em duas partes: uma quantitativa – em que foram ouvidas eleitores de todas as regiões, conforme a população – e outra qualitativa, em que grupos de pessoas eram questionados e discutiam o assunto.
Nas entrevistas, os pesquisadores notaram que a segurança das eleições era "sempre espontaneamente" comentada pelos eleitores. Os dados vieram acompanhados de frases que mostram a desconfiança em relação à urna e à transparência da apuração.
Nas entrevistas, os pesquisadores notaram que a segurança das eleições era "sempre espontaneamente" comentada pelos eleitores. Os dados vieram acompanhados de frases que mostram a desconfiança em relação à urna e à transparência da apuração.
"Eu não confio. O sistema é falho e tem como burlar", disse um eleitor de Pernambuco pertencente à classe social C. "A máquina é segura. O que não é seguro são as pessoas que manipulam", disse outro eleitor do Pará, da classe B. "Eu confio que ninguém vai saber para quem eu estou votando. Só não confio nesse processo de apuração", falou um eleitor de São Paulo da classe A.
Há também exemplos de pessoas que disseram haver "fraude" nas eleições – com outras pessoas votando em seu lugar, candidatos diferentes aparecendo na urna e suspeita da ação de hackers para alterar os resultados. O estudo revela ainda que "as maiores dúvidas surgem no 'após o voto'", isto é, em relação a como os votos são processados ao final da votação.
Há também exemplos de pessoas que disseram haver "fraude" nas eleições – com outras pessoas votando em seu lugar, candidatos diferentes aparecendo na urna e suspeita da ação de hackers para alterar os resultados. O estudo revela ainda que "as maiores dúvidas surgem no 'após o voto'", isto é, em relação a como os votos são processados ao final da votação.
"Eu não confio não na urna. Confio mais no voto escrito à mão, porque eles fecham aquilo ali e só vai ser aberto mediante pessoas que ficam fiscalizando... tem mutreta rapaz, nesse país aqui, Brasil", disse um eleitor do Rio de Janeiro.
Uma das conclusões do levantamento é que "a sensação da baixa segurança adviria do descrédito das instituições públicas e da associação à política".
O estudo recomenda que a comunicação do TSE reforce que o processo é conduzido por um ramo do Judiciário, percebido como "isento" e não ligado à classe política.
Ainda segundo o estudo, "os boatos e a mídia funcionam como amplificadores dessa insegurança".
Ainda segundo o estudo, "os boatos e a mídia funcionam como amplificadores dessa insegurança".
Compra de votos
Outro dado que chamou a atenção dos pesquisadores foram relatos de crimes por parte dos eleitores.
Outro dado que chamou a atenção dos pesquisadores foram relatos de crimes por parte dos eleitores.
No levantamento, 28% disseram que testemunharam ou tiveram conhecimento de casos de compra e venda de votos na eleição do ano passado. Outros 8% preferiram não responder, o que, segundo a pesquisa, pode elevar o número de casos.
O maior percentual de entrevistados que disseram ter visto ou sabido de casos de compra de voto foi detectado em Roraima, com 71%. No Maranhão e no Acre, foram 48% e no Rio de Janeiro, 23%. São Paulo e Minas Gerais registraram índices de 22% cada.
Os pesquisadores destacaram o relato de uma eleitora de Goiânia que confessou ter vendido votos para diversos candidatos. Registraram que, após sua fala, outros eleitores de seu grupo de entrevistados não a criticaram nem a recriminaram, "aparentando ser algo, senão 'normal', no mínimo tolerado e aceito pelo grupo, sem maiores consequências e não de fato um crime".
Os pesquisadores destacaram o relato de uma eleitora de Goiânia que confessou ter vendido votos para diversos candidatos. Registraram que, após sua fala, outros eleitores de seu grupo de entrevistados não a criticaram nem a recriminaram, "aparentando ser algo, senão 'normal', no mínimo tolerado e aceito pelo grupo, sem maiores consequências e não de fato um crime".
"Eu ganhei muito dinheiro de político que não vale nada e que compra votos e eu estava precisando pra pagar minha energia e minha água, eu pegava de todos, recebi de vários e não votei em nenhum. Eu recebi de oito políticos diferentes, R$ 30 de cada um, deputado estadual, federal. [E pode fazer isso?] Não pode, mas eu estava precisando e eles têm dinheiro pra dar pros outros", disse, quando questionada pelo entrevistador.
Voto secreto e candidaturas avulsas
Parte da pesquisa também detectou ser "importante e crescente a postura contrária ao voto obrigatório". Do total de entrevistados, 21% disseram ser contra a regra; 76% contrários; 2% não souberam responder e 1% não responderam.
Parte da pesquisa também detectou ser "importante e crescente a postura contrária ao voto obrigatório". Do total de entrevistados, 21% disseram ser contra a regra; 76% contrários; 2% não souberam responder e 1% não responderam.
"Acho que o voto não devia ser mais obrigatório [...] A lei precisa mudar. Se é democrático, não é obrigatório!", disse um eleitor de Pernambuco.
Outro dado da pesquisa mostrou que 55% dos eleitores são favoráveis a candidaturas avulsas, isto é, para que pessoas não filiadas a partidos possam concorrer. Outros 26% disseram ser contrários; 13% não souberam; e 6% preferiram não responder.
Uma das conclusões é que "a preferência pela candidatura avulsa talvez reflita a insatisfação com os partidos".
Outro dado da pesquisa mostrou que 55% dos eleitores são favoráveis a candidaturas avulsas, isto é, para que pessoas não filiadas a partidos possam concorrer. Outros 26% disseram ser contrários; 13% não souberam; e 6% preferiram não responder.
Uma das conclusões é que "a preferência pela candidatura avulsa talvez reflita a insatisfação com os partidos".
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