segunda-feira, 15 de junho de 2015

ARTIGO: "APRENDIZADO POLÍTICO" Por Marco ALBANEZ

 Não vou dar uma de analista para iniciar este artigo falando desde a campanha das “Diretas Já”, passando por candidatura, vitória, doença, cirurgias, erros médicos, morte, comoção nacional...até a “briga” de Ulisses Guimarães (então presidente da Câmara dos Deputados)com Sarney para saber quem assumiria a presidência.Vou logo a “Resolução do Mérito.”    

            No dia 15 de março de 1985 – ainda “neófito” em política –, na vitória de Tancredo Nevesno Colégio Eleitoralpara presidir o Brasil derrotando Paulo Maluf, candidato da situação, ou dos militares, um fato me chamou a atenção: comecei a entender o quanto o político mineiro era articulador, inteligente, apaziguador e, por mais paradoxo que seja, uma fera. Mesmo que para a tomada de certas decisões, ele tivesse que acender uma vela para o Santo e uma outra para Satã. Não importava, como não importa (embora hoje não haja limite para negociações espúrias). Na ocasião, o importante era a transição, e para issotinha que usar a razão, jamais a emoção. E foi o que ele fez e é esse o status quo da política – antes e atualmente, embora “diferenciadas” entre o tempo, as pessoas e sobretudo as circunstâncias e os métodos de agir, principalmente, de algumas “aves de rapina”.
Pois bem. Como o destino é “cruel”, antes da posse de José Sarney (Meu Deus!) e da sua morte, claro, Tancredo concluiu e anunciou a “escalação” do seu ministério ainda no hospital três dias antes da sua posse – o que não ocorreu – dando uma jogada de mestre. Para o ministério do Exército, convidou o general Leônidas Pires – que faleceu recentemente –, o que agradou aos militares, mas para o ministério da Justiça, indicou Fernando Lyra, um esquerdista e um dos “autênticos” do PMDB. Tanto para os “gregos”como para os “troianos”, uma equipe decepcionante. Mas tinha que ser assim. Passadas mais de três décadas, tem-se a “certeza” de que ele “foi” um ótimo presidente sem ter sido, e que seria um governante que salvaria o País do caos. Mas não salvaria. Morreu como símbolo da esperança e como mártir – no melhor dos sentidos, para “sorte” sua e tristeza para àquelesque nele acreditavam.
O que surgiu depois, todo mundo sabe, ou sabe pouco: o desastre Sarney (1985/90);o Impeachment de Fernando Collor (1990/92); o governo “mamãe e papai” de Itamar Franco, mas salvo pelo Plano Real (1992/95), a eleição e reeleição de FHC com as privatizações na área das telecomunicações até hoje inexplicáveis (1995/02); a chegada de um operário chamado Luiz Inácio Lula da Silva à presidência em 2002, empossado no ano seguinte ereeleito em 2006 – em que votei de 1989 até a sua primeira vitória –, usando como “mastro” o Partido dos Trabalhadores e como bandeira a transparência e a honestidade. E, f/inalmente, a vitória do “poste” de Lula, Dilma Rousseff, em 2010 – e reeleita no ano passado.
E o que mudou nos últimos anos? No governo petista (Lula), em nove anos, foram mais de 90 escândalos, incluindo o “Mensalão”.  (Ainda bem que ele “não sabia” de nada.) Já no de Dilma, o “Petrolão”foi recorde sob todos os aspectos, literalmente. Esse da Petrobrás deveria constar no Guinness Book.Para ele, não há outro adjetivo: nojento,no pior dos sentidos e assim deve ser “batizado”.
E o “mérito” de tudo isso?
Como uma doença, a corrupção no Brasil criou raízes profundas. Está incontrolável. Como inseto, tem o seu “habitat” em todos os órgãos governamentais e de todos os níveis. Tornou-se uma “pandemia” da roubalheira.
A saúde está em coma; a segurança não existe; a Constituição e as leis não são cumpridas;o Programa “Véspera de Eleição” Minha Casa, Minha vida foi para o espaço; a educação está ficando “analfabeta”; o Congresso Nacional parece mais um circo – ou uma “Casa de Câmbio”; as negociatas estão-se tornando regra; a maioria dos Estados e dos municípios não têm governantes, mas “donos de Capitanias Hereditárias”: fazem  o que querem, ditam s suas “normas”, estabelecem suas regras, desrespeitam os direitos básicos das pessoas, só pensam em si e em nos seus interesses.(O espaço é “insuficiente” para falar, também, dos poderes legislativos municipais e estaduais.)
Mais: com dívidas impagáveis contraídas por intermédio do crédito consignado, os aposentados percebem benefícios que mal suportam o pagamento das suas despesas com remédios; as pessoas são ludibriadas com promessas utópicas,mas ainda assim continuam acreditando e não “sabem” que estão lhes transformando em “idiotas” temporários; os hospitais públicos mal têm dipirona... Leitos e médicos, nem pensar; inflação galopante; servidores públicos ganhando “merreca” e promovendo greves “todos os dias, diariamente, de segunda-feira a domingo”; greves, também,de funcionários de todos os segmentos de produtos e serviços; o desemprego bate recorde todos os meses: nos quatro primeiros meses do ano, 497,8 mil empregados formais foram demitidos e cerca de 327,4 mil “abandonaram” a informalidade e estão na “fomalidade”;  no ano passado, o PIB para 2016 foi projetado em 3,6%. Depois, “baixaram” para 2,5% e, do jeito que vai, “Viva o Brasil” se não for negativo, já que no primeiro quadrimestre foi de 0,2%. Um “crescimento” pífio; enfim, uma situação que, lamentável e infelizmente, tende a piorar, haja vista que nem os “donos” do País acreditam mais em nada.Não sabem o que disseram ontem, nemo que dizem hoje e muito menos o que vão dizer amanhã.
Este é o “retrato” do Brasil. Na verdade, o brasileiro está mutilado. Órfão. Desorientado. Cético... Não dá para acreditar ver a indústria automobilística dar férias coletivas e depois demitir. Não dá mesmo!
Felizmente, o Ministério Público e a Justiça Federal estão agindo e minimizando um mal que poderia estar pior. Ou está e não se sabe?
O que mais me deixa triste é ouvir(e me fazer de surdo, pois deles fui vítima nos movimentos estudantis na década de setenta)um cidadão dizer que “está com saudades dos militares”.
Fazer o quêr? Como num pastoril, numa reunião ministerial o “azul” culpa o “vermelho” e este, por sua vez, dá o troco, mas esquecem a “Diana”, que da “Mãe do PAC” passou a ser conhecida mentirosa, já que enganou o povo e cometeu  “estelionato eleitoral”. Mentira? Veja a sua conta de energia elétrica antes da eleição e a deste mês.
Na verdade, estou começando a acreditar que todos têm razão e que o único culpado por todas essas “desgraças” é Pedro Álvares Cabral. Quem mandou ele descobrir o Brasil?
                                                                                                                                    
  Marco Albanez
  Advogado e Jornalista

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