
No dia 15 de março de 1985 – ainda “neófito” em política
–, na vitória de Tancredo Nevesno Colégio Eleitoralpara presidir o Brasil
derrotando Paulo Maluf, candidato da situação, ou dos militares, um fato me
chamou a atenção: comecei a entender o quanto o político mineiro era
articulador, inteligente, apaziguador e, por mais paradoxo que seja, uma fera.
Mesmo que para a tomada de certas decisões, ele tivesse que acender uma vela
para o Santo e uma outra para Satã. Não importava, como não importa (embora
hoje não haja limite para negociações espúrias). Na ocasião, o importante era a
transição, e para issotinha que usar a razão, jamais a emoção. E foi o que ele
fez e é esse o status quo da política
– antes e atualmente, embora “diferenciadas” entre o tempo, as pessoas e
sobretudo as circunstâncias e os métodos de agir, principalmente, de algumas
“aves de rapina”.
Pois
bem. Como o destino é “cruel”, antes da posse de José Sarney (Meu Deus!) e da
sua morte, claro, Tancredo concluiu e anunciou a “escalação” do seu ministério
ainda no hospital três dias antes da sua posse – o que não ocorreu – dando uma
jogada de mestre. Para o ministério do Exército, convidou o general Leônidas
Pires – que faleceu recentemente –, o que agradou aos militares, mas para o
ministério da Justiça, indicou Fernando Lyra, um esquerdista e um dos
“autênticos” do PMDB. Tanto para os “gregos”como para os “troianos”, uma equipe
decepcionante. Mas tinha que ser assim. Passadas mais de três décadas, tem-se a
“certeza” de que ele “foi” um ótimo presidente sem ter sido, e que seria um
governante que salvaria o País do caos. Mas não salvaria. Morreu como símbolo
da esperança e como mártir – no melhor dos sentidos, para “sorte” sua e
tristeza para àquelesque nele acreditavam.
O
que surgiu depois, todo mundo sabe, ou sabe pouco: o desastre Sarney (1985/90);o
Impeachment de Fernando Collor (1990/92); o governo “mamãe e papai” de Itamar
Franco, mas salvo pelo Plano Real (1992/95), a eleição e reeleição de FHC com
as privatizações na área das telecomunicações até hoje inexplicáveis (1995/02);
a chegada de um operário chamado Luiz Inácio Lula da Silva à presidência em
2002, empossado no ano seguinte ereeleito em 2006 – em que votei de 1989 até a
sua primeira vitória –, usando como “mastro” o Partido dos Trabalhadores e como
bandeira a transparência e a honestidade. E, f/inalmente, a vitória do “poste”
de Lula, Dilma Rousseff, em 2010 – e reeleita no ano passado.
E o que mudou nos últimos
anos? No governo petista (Lula), em nove anos, foram mais de 90 escândalos,
incluindo o “Mensalão”. (Ainda bem que
ele “não sabia” de nada.) Já no de Dilma, o “Petrolão”foi recorde sob todos os
aspectos, literalmente. Esse da Petrobrás deveria constar no Guinness
Book.Para
ele, não há outro adjetivo: nojento,no pior dos sentidos e assim deve ser “batizado”.
E o “mérito” de tudo isso?
Como uma doença, a
corrupção no Brasil criou raízes profundas. Está incontrolável. Como inseto, tem
o seu “habitat” em todos os órgãos governamentais e de todos os níveis. Tornou-se
uma “pandemia” da roubalheira.
A saúde está em coma; a
segurança não existe; a Constituição e as leis não são cumpridas;o Programa
“Véspera de Eleição” Minha Casa, Minha vida foi para o espaço; a educação está
ficando “analfabeta”; o Congresso Nacional parece mais um circo – ou uma “Casa
de Câmbio”; as negociatas estão-se tornando regra; a maioria dos Estados e dos
municípios não têm governantes, mas “donos de Capitanias Hereditárias”: fazem o que querem, ditam s suas “normas”,
estabelecem suas regras, desrespeitam os direitos básicos das pessoas, só
pensam em si e em nos seus interesses.(O espaço é “insuficiente” para falar,
também, dos poderes legislativos municipais e estaduais.)
Mais: com dívidas
impagáveis contraídas por intermédio do crédito consignado, os aposentados
percebem benefícios que mal suportam o pagamento das suas despesas com
remédios; as pessoas são ludibriadas com promessas utópicas,mas ainda assim
continuam acreditando e não “sabem” que estão lhes transformando em “idiotas”
temporários; os hospitais públicos mal têm dipirona... Leitos e médicos, nem
pensar; inflação galopante; servidores públicos ganhando “merreca” e promovendo
greves “todos os dias, diariamente, de segunda-feira a domingo”; greves,
também,de funcionários de todos os segmentos de produtos e serviços; o desemprego
bate recorde todos os meses: nos quatro primeiros meses do ano, 497,8 mil
empregados formais foram demitidos e cerca de 327,4 mil “abandonaram” a
informalidade e estão na “fomalidade”;
no ano passado, o PIB para 2016 foi projetado em 3,6%. Depois,
“baixaram” para 2,5% e, do jeito que vai, “Viva o Brasil” se não for negativo,
já que no primeiro quadrimestre foi de 0,2%. Um “crescimento” pífio; enfim, uma
situação que, lamentável e infelizmente, tende a piorar, haja vista que nem os
“donos” do País acreditam mais em nada.Não sabem o que disseram ontem, nemo que
dizem hoje e muito menos o que vão dizer amanhã.
Este é o “retrato” do
Brasil. Na verdade, o brasileiro está mutilado. Órfão. Desorientado. Cético...
Não dá para acreditar ver a indústria automobilística dar férias coletivas e depois
demitir. Não dá mesmo!
Felizmente, o Ministério
Público e a Justiça Federal estão agindo e minimizando um mal que poderia estar
pior. Ou está e não se sabe?
O que mais me deixa triste
é ouvir(e me fazer de surdo, pois deles fui vítima nos movimentos estudantis na
década de setenta)um cidadão dizer que “está com saudades dos militares”.
Fazer o quêr? Como num
pastoril, numa reunião ministerial o “azul” culpa o “vermelho” e este, por sua
vez, dá o troco, mas esquecem a “Diana”, que da “Mãe do PAC” passou a ser
conhecida mentirosa, já que enganou o povo e cometeu “estelionato eleitoral”. Mentira? Veja a sua
conta de energia elétrica antes da eleição e a deste mês.
Na verdade, estou
começando a acreditar que todos têm razão e que o único culpado por todas essas
“desgraças” é Pedro Álvares Cabral. Quem mandou ele descobrir o Brasil?
Marco Albanez
Advogado e Jornalista
Excelente texto.
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