Ex-jogador brasileiro concedeu entrevista coletiva nesta quarta-feira no Rio
“Não conversei com ninguém (da Fifa sobre a candidatura) e sou contra essa forma de ter que ser indicado por cinco federações. Acho que já pode começar aí uma corrupção, uma troca de favores. Eu acho que a eleição deve ser feita pelos seus serviços prestados ao futebol”, declarou o ex-atleta.
“O problema da CBF é o que muita gente pergunta: ‘por que a CBF não vai direto na Fifa? (te ajudar)’. Porque a CBF é um colégio eleitoral pequeno, são 27 federações e você precisa ser indicado por cinco. Vocês não devem se lembrar, mas o Sócrates tentou se candidatar e foi anti-candidato porque não conseguiu apoio”, recorda Zico, que não vê a possibilidade de conseguir ajuda no Brasil.
“Acho que hoje as 27 federações são todas ou quase todas de acordo com o que está na CBF, então não há chance de se candidatar por aqui”, disse. “E mais fácil conseguir apoio de cinco federações no mundo do que aqui na CBF”, emendou.
O ex-jogador, que já foi Ministro do Esporte no governo Collor (em 1991), comentou já ter cogitado trabalhar para a entidade, mas diz ter desanimado ao pensar nos escândalos de corrupção nas quais o nome da confederação estaria envolvido. “Muitas vezes passou por mim a ideia de ir para a CBF, mas nunca vi possibilidade de mudança nesse sentido (de corrupção), e agora enxergo essa possibilidade e a minha voz pode servir para que outras pessoas do esporte e do futebol busquem uma mudança”, lembra.
“Às vezes, entidades que tem uma grandeza acham que o controle é tudo, mas o controle vai da cabeça pensante de cima, a filosofia, a postura é que faz com que os deslizes embaixo possam acontecer na maioria das vezes. Em raríssimas exceções aquele que comanda não nos omite o que acontece embaixo”, avalia o Galinho.
Outra questão apontada por Zico em relação ao futebol brasileiro foi a falta de representatividade entre os próprios atletas. Como ex-atleta, diz não conseguir representar os jogadores atuais por desconhecer a mentalidade e lamentou a perda de fôlego que o movimento Bom Senso FC viveu no último ano.
“Fiquei muito feliz quando teve esse movimento do Bom Senso FC, porque os jogadores estavam atuando. Mas o que dá a impressão é que a maioria dos envolvidos foram de repente saindo fora, deixados de lado, tirados do time. Isso é o que preocupa a gente, isso preocupa jogadores em atividade para falar alguma coisa, o cara tem que ter muita força e personalidade para falar nesse momento”, disse.
Questionado sobre a prisão de José Maria Marín e as declarações de inocência do atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, Zico optou por não fazer nenhuma acusação direta ao mandatário, embora tenha deixado clara sua opinião de que o cartola estaria envolvido nos esquemas de corrupção investigados pelo FBI.
“Quanto à questão do Del Nero, não conheço ele, não tenho intimidade, não sei que trabalho foi feito em São Paulo na Federação (Paulista de Futebol, na qual Del Nero foi presidente antes de assumir a CBF). Só acho que ele e o Marín, pelo que apresentam, estão sempre juntos...”, concluiu.
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