O ex-deputado
Ulysses Guimarães e, igualmente, ex-presidente
de “tudo” (PMDB, da Câmara dos Deputados, da Constituinte, da República – na
ausência do titular e do vice), ensinou que o que predomina na política é “sua
excelência, o fato”. Já outros políticos dizem que “A origem do dinheiro é
sempre a Casa da Moeda” – uma zombaria que simboliza o vergonhoso momento em
que se encontra a política partidária brasileira –, o que leva o eleitor a crer
que não há como “ofuscar” a linha existente entre a hipocrisia e a realidade,
haja vista que, ao contrário da moeda, toda campanha eleitoral tem quatro
lados: a decência, a sacanagem e as contabilidades legal e a ilegal. Esta
última, que tem a alcunha de “Caixa 2”,
configura crime eleitoral. Poucos seriam os candidatos e menos ainda os
partidos que escapariam da Justiça Eleitoral se a prestação de contas fosse apresentada,
e analisada, de acordo com a lei.
A expressão
Caixa 2 refere-se a recursos financeiros não contabilizados
e não declarados a Justiça Eleitoral. Entre os crimes de caixa dois, o de lavagem de dinheiro e organização criminosa está no âmbito do Poder Judiciário. (Supremo Tribunal Federal, sendo um crime
bem mais grave.) Ele é utilizado por algumas empresas, que deixam de emitir ou
emitem notas fiscais
com valor menor ao da transação realizada, para que sejam
devidos menos tributos.
Desta forma, ao declarar os valores das notas fiscais aos órgãos
fiscalizadores, apuram menos tributos a recolher ao erário. A diferença
constitui o caixa dois, "esquecimento do Contador
da Empresa".
Com a multa
e o juro,
essa diferença deverá ser paga ao erário
público. Ou seja, caixa dois é um dos instrumentos utilizados para sonegação fiscal
Apenas a título de lembrança, se
voltássemos à época dos fatos que foram revelados no famoso “Escândalo do
Mensalão” (uma “migalha”, se compararmos a roubalheira na Petrobrás), que os
petistas insistem em dizer que foi “penas” uma Ação Penal de nº 470, veríamos
que praticamente tudo que está-se se discutindo hoje em termos de desvio de
recursos públicos, já havia sido discutido e relatado durante aquele
julgamento, mas só agora estão-se confirmando as “artimanhas financeiras” que o
Partido dos Trabalhadores tanto combatia, mas que hoje forma alunos em todos os
níveis governamentais, sejam eles federais (administrações direta e indireta),
estaduais e municipais. (E nem começaram as operações BNDES, Infraero, Eletrobrás
– foi iniciada, de “leve” –,CEF, BB etc.)
É
sabido que ninguém participa de uma eleição sem que tenha dinheiro para gastar
– mesmo os chamados “candidatos da cauda”, nas eleições proporcionais. E todos
sabem que há regras para o uso dos recursos próprios e para as doações
oficiais. Sabem, sobretudo, que todas e quaisquer doações têm que ser declaradas, mas não são, já que há
dinheiro sujo que não pode aparecer e por isso, em vez de ser inserido na
prestação de contas, ele é desviado para o Caixa 2. Para que o leitor tenha uma
ideia e fique mais perplexo ainda, cito como exemplo o extraordinário trabalho
da Transparência Brasil, cujo levantamento dá uma dimensão do custo oficial de
uma campanha eleitoral, sem o registro dos recursos doados por debaixo do
tapete: a soma dos gastos de campanhas de prefeitos e vereadores, em 2008,
ultrapassou a casa dos R$ 2,0 bilhões. Um aumento superior a R$ 700,0 milhões
se comparado aos gastos na disputa para a prefeitura que teve, no último pleito
municipal, um número menor de candidatos. E o mais incrível é que na competição
para o Executivo municipal houve aumento acima de R$ 50,0 milhões mesmo havendo,
também, menos candidatos inscritos. Mesmo se você for um péssimo matemático (a
exemplo do autor deste Artigo) – quem sabe da matéria é moleza –, vai observar
que a relação de R$ 1,00 oficial para R$ 1,00 não declarado, na eleição
municipal de 2008, gerou uma diferença em torno de R$ 3,9 bilhões a mais que a
de 2004. E de onde veio essa grana não declarada?
Encontra-se no Congresso Nacional o Anteprojeto de Lei que altera alguns
dispositivos da Lei nº 4.737, de 15.7.1965 (Código Eleitoral), principalmente o
artigo 339, que passará a vigorar assim: “Art. 339. Manter ou movimentar recurso ou valor
paralelamente à contabilidade exigida pela legislação para a escrituração
contábil de partido político e relativa ao conhecimento da origem de suas
receitas e a destinação de suas despesas: Pena – reclusão, de 3 (três) a 8
(oito) anos, e multa, além da perda dos recursos ou valores. § 1º A pena será
aumentada quando se tratar de recurso ou valor referente à prestação de contas
de campanha eleitoral. § 2º Incorrerá na mesma pena quem receber recurso ou
valor proveniente de atividade ilícita ou não declarado pelo doador ao órgão
competente.”
Dinheiro
sem identificação não pode ser identificado como ilegal sem que seja feita a
prova. E, segundo o PT, ele é fruto de recursos próprios e de empréstimos bancários.
Todo isso – e mais alguma “coisa” – começa a ser desvendado.
Um detalhe: a revista Veja da semana passada, com matéria de capa, destrói tudo que o
ex-presidente Lula dizia e, igualmente, os argumentos que ele apresentava, os
quais estavam relacionados à ajuda financeira para as campanhas. Hipocrisia
pura. Os recursos oriundos de empreiteiras não era “Caixa 2” – e uma pequena
parte poderia até ser. Era roubalheira mesmo e já se sabe que o ex-metalúrgico
comprou o seu apartamento duplex no Guarujá com pagamento efetuado pela
Construtora OAS, sem contar com enriquecimento do seu filho Lulinha, do
Instituto Lula e do “legado” financeiro que “recebeu” enquanto esteve – “mesmo
fora” – no poder.
Há um seriado – ficção – na televisão
norte-americana, chamado Pretty Litte
Liars, reunindo drama, mistério e suspense, que lembra os dois maiores
escândalos da política brasileira em todos os tempos (com direito a
“desaparecimentos”, mas em sentido figurado). Por isso, não custa nada lembrar
a esses “fariseus” um conhecido provérbio italiano, que diz:
“No fim do jogo, o rei e o peão voltam
para a mesma caixa.”
*Marco Albanez é advogado (OAB-PE
nº 7.658) e jornalista (DRT/PE nº 3.271)
Perfeito irmão! Vc é FODA!
ResponderExcluirCaro Dr. Marco Albanez, como sempre seus artigos são bastante esclarecedores da triste realidade da política partidária no nosso País.
ResponderExcluirDisseminada em todas as entranhas políticas, a corrupção agrega as más intenções o caixa 2, impregnando-a com o "pus" que faltava. Se já tínhamos uma "infecção latejante", hoje sabemos que essas superbactérias só poderão ser aniquiladas com a ponta do dedo no botão verde, depois de digitados os números corretos. Você pode imaginar um vereador em São Lourenço da Mata ser eleito com pouco mais de dois mil reais? Pois é... basta procurar as informações corretas. Seu texto é pujante, relevante, necessário e excelente. Mais uma vez...Parabéns Dr. Marco. Orgulho-me de te-lo como colaborador do blog.
ResponderExcluirNobre amigo. Parabéns, mais uma vez, pelo magnífico texto. Mostrando-nos, o quanto alguns políticos gatunos do nosso País, cujo apetite em afanar o dinheiro público é insaciável, utilizam-se desses artifícios criminosos para perpetuar-se no poder. Um forte abraço. Anselmo Gouveia.
ResponderExcluirMarco! Parabéns pelo artigo. Um abraço. Liliane Rendall.
ResponderExcluirValeu amigo. Aprovado! Pode publicar...
ResponderExcluirSimplesmente ESPETACULAR. Parabéns amigo. Como sempre proporcionando boa leitura.
ResponderExcluirEsse Magno tá pensando que os vereadores de São Lourenço são o que ele diz?. Ninguém gasta muito dinheiro. É invenção. A gente tem voto porque prestamos uma grande assistência ao povo da nossa cidade. É só ir nos gabinetes e ver que todo dia estão lotados. Ganhamos eleições porque trabalhamos e não fofocando com noticias mentirosas.
ResponderExcluirO anonimato é o símbolo da covardia, do medo, de quem tem pobreza de espírito, de quem não passa de um germe ou de um inseto... Portanto, senhor "anônimo" - ao que tudo indica, um vereador de meia-tigela -, se Magno Dantas, um dos profissionais mais imparciais que conheço, disse que dá e/ou se pode imaginar "um vereador de São Lourenço" se eleger com R$ 2,0 mil", use uma calça, seja homem e vá diretamente a ele dizer o que é mentira ou o que é verdade. Não leia meus artigos e nem faça comentários anônimos, pois neles só há espaço para pessoas inteligentes e de coragem. Analfabeto não tem vez. (Apenas da língua portuguesa, porque nos demais "temas" ou "atos" você é "inteligente" até demais.)
ExcluirAssistências... assistencialismos... desincompatibilização com o decente... bem, em fim... sou do tempo que assistência era nome de ambulância. Hoje é quase nome de corrupção.
ResponderExcluirPeço ao companheiro que identifique-se ou terei que retirar seu comentário.
ResponderExcluirCaro Anônimo: você sabe que a honra tem sido a bandeira da minha existência e o que aconteceu na Câmara você sabe muito bem o que foi, porquê foi, como foi e com quem foi. Portanto, não seja vabagundo ao extremo. Ademais, nem adianta você voltar a faculdade e estudar pra ser decente porque o DNA do roubo está comprovado. Está no seu sangue.Espero não ter a infelicidade de vê-lo saindo (você sabe de onde) algemado por ter roubado tanto e comido tantos "tocos" de fornecedores que está chamando a atenção em São Lourenço. Se tive votações insignificantes, ainda assim fui vereador duas vezes, presidente da Câmara duas vezes e o candidato a prefeito em 92 só venceu por minha causa. E, para que não esqueça, eu fiz a diferença na vitória de Bruno na eleição passada. Finalmente, como disse, o anonimato é o esconderijo de vagabundos, marginais, gatunos, larápios, salafrários, pústulas e ladrões como você e sua gang. Aproveite, pois só tem um ano e quatro meses para continuar roubando. (Como você, cafajeste de 5a categoria, sabe onde moro, vá lá. Como não tem coragem, diga o horário onde possa encontrá-lo, porque o local eu já sei.)
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
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