"Os inteligentes e os “inteligentes”, a eles acrescidos os céticos, ignorantes, analfabetos, estudantes e outras classes, jamais imaginaram que o Brasil chegasse ao estágio atual, com crises política, econômica, moral e o “diabo a quatro”. E o mais triste: sem governabilidade."
Você, caro leitor – e eleitor –, já observou que a
maioria dos políticos é, em sentido figurado, portadora da bipolaridade? Ou
seja, é limão azedo durante o mandato e laranja mimo do céu nos meses que
antecedem a eleição. Ou seria um comportamento dúbio? O Brasil faz a diferença
não apenas no futebol (ou fazia? Ah! Tinha esquecido o resultado do
famoso jogo do Brasil contra a Alemanha na última Copa passada), mas sobretudo
na política. A propósito, vou esquecer neste artigo todo e qualquer escândalo
que norteia a política brasileira, literalmente, para tentar explicar a
malandragem do político brasileiro, cuja principal característica é o seu
comportamento. Se você observar certos políticos numa campanha eleitoral, elessão
dóceis, prestativos,solícitos e até maleáveis ao peso da opinião pública. Mas
não se engane! É tudo uma forma de enganar a população. Falam bem dos inimigos
e adversários quando estes morrem, choram em público visando sensibilizar o
povo, ficam “escondidos” a espera de se posicionarem em consequência da
perspectiva de poder, aderem a quem já está no poder, prometem solucionar todos
os problemas do país – ou do Estado e, quiçá, da “sua” cidade –, enfim, não passam
uns sacanas, mentirosos, exploradores, corruptos, pústulas, canalhas, safados,
cínicos, oportunistas... Ufa!
Muitos
deles, sem qualquer preparo intelectual, mas dotados de malícias, já que foram
doutrinados na politicagem, se tornam hábeis em manipular as mentes de pessoas
inofensivas com atos de pura demagogia, o que não deixa de ser uma forma de
degradar a própria “classe” que representam. E para todas essas artimanhas há
um objetivo principal: se reduzem a sombras inúteis e, em troca, passam a ter o
desejo de viver como parasitas as custas do dinheiro alheio – a parte maior,
roubada.São tão caras de pau que chegam ao ponto de, quando questionados por
problemas que lhe dizem respeito ou as suas obrigações, respondem que “é
necessário que o governo tome providências urgentes no sentido de solucionar
esse caso”, quando, na realidade, eles é que deveriam solucionar o impasse e/ou
a questão. Mas, numa época como a de hoje – e os exemplos estão “pela aí” –,
eles esbarram numa juventude que tem demonstrado capacidade de meditar e
refletir. E quando ela dá uma resposta que atinge a ferida desses insetos, eles
são obrigados a engolir as ansiedades das ruas sem que tenham tempo, sequer, em
digerir as indigestões moral e mental.(O dia 16 de agosto promete!)
Antes do surgimento do ex-ministro Joaquim Barbosa
e do juiz Sérgio Moro, havia uma tese circulando entre a esmagadora maioria dos
governantes e dos parlamentares, que consistia mais ou menos no seguinte: podia
errar o quanto e como queria ou quisesse. Não pegava nada! Estava cegamente certa
da impunidade que significava a blindagem para a malandragem que abria alas
para a jogatina do dinheiro público com safadeza, roubalheira, rapinagem
(pleonasmo?)... e do “sabe com quem está falando?”, geralmente alicerçada na
tese até então inquestionável de que “manda quem pode, obedece quem tem juízo”.Essa
maioria dos políticos nunca deixou de apostar na imbecilidade de algumas pessoas
e na inocência de outras – mas está quebrando a cara, fugindo da responsabilidade,
agindo covardemente, traindo pra se safar e outras “coisitas” mais.
Os inteligentes e os “inteligentes”, a eles
acrescidos os céticos, ignorantes, analfabetos, estudantes e outras classes,
jamais imaginaram que o Brasil chegasse ao estágio atual, com crises política,
econômica, moral e o “diabo a quatro”. E o mais triste: sem governabilidade.
E o que
estão fazendo? Passeatas e manifestações, o quão “apenas” demonstram que não
estavam preparados para externar a sua desaprovação a esse tsunami de escândalos e prisões que é registrado no país. E aí
pergunto: vão culpar quem? O barbeiro? O motorista de ônibus? O médico? Afinal,
tem algum sentido as pessoas raivosas depredarem agências bancárias e lojas,
ferirem com chicote o cidadão que está “dirigindo” o metrô, ofender os
servidores públicos, destratar o atendente do hospital porque não tem remédio,
enfim, qual o significado da política dos ímpetos destrutivos? Ora, a culpa é deles (minha também). É bem
verdade que cada eleição tem uma historia, mas na maioria delas os
“protagonistas” são praticamente os mesmos e inda assim eles continuam votando
nessa maioria, formada por salafrários – que falei no prólogo deste Artigo.
Diante desse quadro
caótico que foi abordado “lá em cima”, há de se convir que a falta de
lideranças políticas – decentes – no Brasil é, também, uma crise. Os líderes,
ou que se dizem sê-los, não são exatamente líderes, haja vista que existe uma
diferença muito grande em poder e liderança, ou seja, por mais paradoxal que
seja, um político pode estar no pode sem ser líder e vice-versa. Na realidade,
o “toma cá e me dá lá” é confundir o eleitor. Não tem nada de carisma, mas de
um populismo caboclo. Liderança é um dom e não uma “fábrica de tijolos”, cujo
“dono” e “empregado” não têm realismo, bondade, solidariedade e muito menos
projeto de vida para as pessoas. Como são “quilômetros” de distância entre o
saber e o querer, o que mais se vê hoje em dia é o surgimento de liderança
utópica, regada a pobreza de espírito e do saber, quando deveria ser um
político com boas intenções. Ou seja, há uma escassez muito grande de
pessoas com capacidade de persuasão e de sedução em torno de ideias, de
projetos, de uma perspectiva positiva para o futuro e de mudanças, ao contrário
do que ocorria antigamente. Num linguajar chulo, são líderes, que se acham
líderes, que pensam que são líderes, que se consideram líderes, mas que não
passam de artistas de circos fazendo palhaçadas em busca de interesses
pessoais.
Como o tempo é implacável e o
ponteiro do relógio não pára, alguns desses ‘líderes de barro” já deveriam ter
entendido que o povo não quer mais ser iludido. O que ele quer é uma pessoa que
saiba gerir a administração pública, saiba dos problemas pra que possa administrá-los, e não ter um mandato para prometer, dizer besteiras e rapinar o
que não lhe pertence.
O cantor, ensaísta,
compositor e escritor Chico Buarque de Holanda, sintetiza, muito bem, o que
significa toda essa parafernália envolvendo política, malandragem, demagogia e imoralidade:
“Agora
já não é normal
O que dá de malandro regular, profissional
Malandro com aparato de malandro oficial
Malandro candidato a malandro federal
Malandro com retrato na coluna social
Malandro com contrato, com gravata e capital
Que nunca se dá mal…”
O que dá de malandro regular, profissional
Malandro com aparato de malandro oficial
Malandro candidato a malandro federal
Malandro com retrato na coluna social
Malandro com contrato, com gravata e capital
Que nunca se dá mal…”
*Marco
ALBANEZ advogado (OAB-PE nº 7.658) e jornalista (DRT/PE nº 3.271)
Valeu!
ResponderExcluirEstamos morando há pouco tempo em São Lourenço (em Aldeia, km 11) e foi um amigo do meu marido (Josemar Vieira) que recomendou a leitura dos seus artigos (pensei que seria na segunda-feira, mas li o aviso ontem). Suas palavras levam os leitores ao foco do problema. A conviver com a vergonha que são quase que a totalidade dos políticos brasileiros. Sou arquiteta e não política, mas não fique chateado, pois pelo que tenho ouvido em São Lourenço e em Camaragibe os governantes jogam naquele time onde está a maioria dos políticos. Nós vamos acabar com isso. Temos que acabar com essas safadezas. Já roubaram demais e o nosso limite chegou ao extremo. Parabéns.
ResponderExcluirSó faltou dar nomes aos bois. Excelente.
ResponderExcluirPrezado amigo Marco: seus artigos, mesmo para aqueles que não gostam ou porque por eles "beliscam" algumas pessoas (não sei e nem quero saber quais), estão se tornando uma leitura obrigatória para quem gosta de política e ler a respeito de coisas sérias. É o segundo dos inúmeros que espero ler. Abraços.
ResponderExcluirSURPREENDENTE COMO DR MARÇO ALBANEZ É CLARO ,SEGURO E IMPECÁVEL NAS SUAS PALAVRAS !!! SEUS ARTIGOS SÃO FANTÁSTICOS , OPORTUNOS E ATUAIS . ONDE ESTAVA O SENHOR DR MARCO ALBANEZ ? QUE DEMORA FOI ESSA MAGNO DE COLOCAR ESSE " CARA " PARA ESCREVER NESTE BLOG !!!!!?????? ESTOU ANSIOSO PELO PRÓXIMO ARTIGO !
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