Operação Fair Play mira contrato entre a Odebrecht e o governo de PE. A investigação diz ainda que houve fraude na licitação da obra.
A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta sexta-feira (14) a operação Fair Play, que apura irregularidades na construção da Arena Pernambuco para a Copa do Mundo de 2014. A obra,estimada em R$ 796 milhões, pode ter sido superfaturada em R$ 42,8 milhões – o valor atualizado passaria de R$ 70 milhões. A PF diz ainda que houve fraude na licitação da obra.
"Há uma projeção de superfaturamento [R$ 42,8 milhões], e a constatação com precisão matemática será o segundo passo da investigação", disse o delegado da PF Felipe Barros Leal, no Recife. Segundo ele, será recolhido material para confirmar a alta no custo da obra e o valor exato que foi superfaturado.
"A fraude na concorrência internacional já está confirmada", afirmou Leal. Segundo ele, a Odebrecht foi procurada para fazer o projeto do estádio um ano antes de sair a licitação. Quando o edital saiu, as concorrentes tiveram apenas 45 dias para elaborar uma proposta.
Empresa nega
A assessoria de imprensa da Odebrecht em Pernambuco confirmou que seis policiais entraram no escritório da empresa no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife, às 8h desta sexta e saíram por volta das 12h45. A empresa nega irregularidades (veja nota na íntegra mais abaixo). A empresa também é investigada na Operação Lava Jato.
A assessoria de imprensa da Odebrecht em Pernambuco confirmou que seis policiais entraram no escritório da empresa no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife, às 8h desta sexta e saíram por volta das 12h45. A empresa nega irregularidades (veja nota na íntegra mais abaixo). A empresa também é investigada na Operação Lava Jato.
O governo de Pernambuco, que firmou contrato com a construtora para a obra do estádio, ainda não se pronunciou.
De acordo com a assessoria da PF, seis policiais também estiveram na Arena para cumprir mandado de busca e apreensão de documentos e computadores. Ninguém foi levado para prestar depoimento. São cumpridos, no total, 10 mandados de buscas e apreensão em Pernambuco, Bahia, São Paulo, Minas Gerais e no Distrito Federal.
A Polícia Federal disse que a concorrência internacional que teria sido fraudada foi firmada em fevereiro de 2010. O contrato suspeito de superfaturamento tem data de junho de 2010, ainda em vigor, e foi firmado entre o governo de Pernambuco e a sociedade anônima Arena Pernambuco Negócios e Investimentos S/A – formada pelas empresas Odebrecht Investimentos em Infraestrutura Ltda e Odebrecht Serviços de Engenharia e Construção S/A. O inquérito policial federal foi instaurado em julho de 2014.
Além das buscas nos escritórios da empresa e nas casas de dois de sócios, a PF também esteve no Comitê de Gestão Público Privada do Governo de Pernambuco (CGP).
Avaliação de terrenos
A PF suspeita que o superfaturamento tenha ocorrido em razão de uma avaliação equivocada dos terrenos.
A PF suspeita que o superfaturamento tenha ocorrido em razão de uma avaliação equivocada dos terrenos.
"O contrato não e só a Arena, é toda a área que circunda. Uma vez edificados, a construtora precisa pagar um percentual pelo terreno que gira em torno de 8%", explicou o delegado da PF.
"A subavaliação de terrenos fez com que o empréstimo do BNDES [Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social] fosse maior que o necessário. Quando você precisa obter X e obtém X+1, você está fraudando o empréstimo", detalhou Leal.
A corporação vai solicitar informações ao BNDES para analisar o financiamento concedido e também será feito um estudo do possível superfaturamento da obra.
Nomes não foram divulgados
Leal disse que "o trabalho de hoje versa sobre fatos, não sobre pessoas" e que nomes não serão divulgados no momento.
Leal disse que "o trabalho de hoje versa sobre fatos, não sobre pessoas" e que nomes não serão divulgados no momento.
Houve exigências "irrazoáveis" era que a licitação pedia que as empresas tivesse experiência na construção de arenas e algumas empresas não tinham essa experiência, mas tinham capacidade de construir e não participaram.
"A denúncia é sobre a Arena Pernambuco. A ideia não é avançar em outras arenas. Documentos de outras arenas são importantes, porque se transformam em padrões de custo", afirmou o delegado.
Projeto sem licitação
As investigações da PF apontam que a Odebrecht/ISG recebeu autorização para elaborar o projeto básico do edital de concorrência sem licitação ou edital de chamamento.
As investigações da PF apontam que a Odebrecht/ISG recebeu autorização para elaborar o projeto básico do edital de concorrência sem licitação ou edital de chamamento.
Segundo nota da polícia, “o projeto básico foi produzido sem disponibilizar todas as informações, sem justificativa dos custos adotados, com exigência de atestados técnicos exorbitantes e com prazo exíguo de análise para as demais concorrentes, entre outros elementos com vistas à frustração do caráter competitivo.”
O inquérito aponta para indícios de organização criminosa voltada à corrupção de agentes públicos, obtenção, mediante fraude, de financiamento junto ao BNDES e fraude em licitações.
O inquérito aponta para indícios de organização criminosa voltada à corrupção de agentes públicos, obtenção, mediante fraude, de financiamento junto ao BNDES e fraude em licitações.
O que dizem os suspeitos
A Vice-governadoria do estado, órgão público responsável pela obra, afirmou ao G1 que só vai se pronunciar sobre o assunto depois que a Polícia Federal fornecer mais detalhes sobre o caso.
A Vice-governadoria do estado, órgão público responsável pela obra, afirmou ao G1 que só vai se pronunciar sobre o assunto depois que a Polícia Federal fornecer mais detalhes sobre o caso.
Por meio de nota, a Odebrecht informou que vai colaborar com as investigações. Confira, abaixo, a íntegra do texto:
“A Construtora Norberto Odebrecht esclarece que na manhã desta sexta-feira, 14 de agosto, estão sendo cumpridos mandados de busca e apreensão em sua sede no Rio de Janeiro, bem como nos escritórios de São Paulo, Salvador, Recife, Belo Horizonte e Brasília com o objetivo de coletar dados e informações relacionadas à Arena Pernambuco.
A empresa tem convicção da plena regularidade e legalidade do referido projeto. A CNO reafirma, a bem da transparência, que sempre esteve, assim como seus executivos, à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos e apresentar documentos sempre que necessário, sendo injustificáveis as medidas adotadas nesta data.”
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