Muitas pessoas costumam dizer
que “fulano de tal é maquiavélico” sem saber o porquê dessa “acusação”
pejorativa. Na verdade, Nicolau Maquiavel, há seis séculos, já profetizava as
sacanagens que hoje são registradas na politica. No seu livro “Os Fins
Justificam os Meios” ele dizia que um
acordo pode ter prazo ou data de validade, ou seja, a depender do interesse da
“parte”, uma verdade dita hoje pode ser tornar obsoleta – ou esquecida –
amanhã. Seus “ensinamentos” podem servir como desculpas para justificar
determinadas contradições e/ou incoerências, para não chamá-las de traidoras.
Não dá para deixar de lado o fato de que, “teórico” do poder, e mais
importante, de como se manter nele, Maquiavel, quinhentos anos depois, é um
astro: tudo que disse, permanece atualizado. (Falar na traição de Judas com
relação a Jesus Cristo, seria moleza.)
Quem sou eu para dar conselhos
às raposas políticas dos quatro cantos “desse Brasí afora”, mas elas poderiam
dar uma olhadinha no livro “O Príncipe”, no qual se encontram pérolas e
ensinamentos sobre políticas que os “inocentes” ou, literalmente, babacas, não
querem entender. E se entenderem, não vão querer acreditar. Exemplo? Segundo
ele, ”um senhor prudente, não pode nem deve cumprir a palavra dada quando tal
cumprimento se volta contra ele e as razões que levaram a assumir o compromisso
não existem mais”.
Observa-se assim, que a
traição – e a ingratidão – não é um “privilégio” de alguns. A exemplo do que
acontece em São Lourenço da Mata, o fato é regra em todo e qualquer tipo de
política, isto porque na partidária a engenharia para ganhar as eleições se
sobrepõe ao componente ideológico. Como diz o pesquisador Michel Zaidan, para se
chegar ao poder, todas as alianças político-partidárias são bem-vindas, ou
seja, a maioria dos políticos “residem, pensam, alimentam-se, fazem acordo
espúrios...” no mesmo local: a Casa de Mãe Joana.
Ainda
com relação a minha cidade, o “chuta a bunda dele e vamos prá galera” traz-me a
lembrança o ex-governador do antigo estado da Guanabara, Carlos Lacerda, que
mudava de opinião política como quem mudava de camisa. Ou seja, o símbolo da
depravação moral – a política já é depravada há “mil anos-luz” – já foi patenteada
pelos canalhas que se fantasiam da coerência hipócrita e que estão sempre
“dançando” nos blocos carnavalescos e nas “empresas de fachadas” cujas razões
sociais dão o nome a este artigo.
É uma apena que nada se faça para mudar a
situação. Muito pelo contrário: as ‘carniças”, por mais incrível que possa
parecer, continuam “vivas”, mas estão esquecendo que os “urubus” estão por
perto. Aliás – amém –, este parágrafo está totalmente sintonizado com o que
disse o padre Fábio de Melo:
“Traição é igual a um consórcio:
um dia você será contemplado.”
*Marco ALBANEZ
É
advogado (OAB-PE nº 7.658) e jornalista (AIP nº 2.163 e DRT/PE nº 3.271)
Parabéns pelo texto, analogias contundentes. Tenho em minha cabeceira, o livro O príncipe de Maquiavel e sempre dou uma olhadinha quando observo "o futuro repetir o passado". "Algo" produzido no século XVI e tão contemporâneo quando se trata da "manutenção da ordem". E que ordem não é meu amigo Marco Albanez? Que ordem? Porém, no se tratando de certas e boas mudanças que ocorrem na nossa política atual, que muitos não conseguem ou não querem enxergar, é que, apesar de alguns personagens da nossa História, terem se perdido no caminho, se embaralhado com as artimanhas do poder e da manutenção do mesmo, plantaram a sementinha da consciência, infelizmente nem todo solo é fértil , mas o primeiro passo foi dado, cabe agora, a sociedade de posse desse conhecimento, fazer a sementinha germinar mudando todo esse contexto obsoleto, não é mesmo?? Forte abraço amigo Marco Albanez, vc é uma das pessoas que admiro. Patrícia Peregrino.
ResponderExcluirEstimada Patrícia,
ExcluirUm comentário estilo "diamante" partindo de você, deixa qualquer pessoa comemorando os elogios "nas nuvens". Obrigado. Suas palavras "alimentam" meu desejo de continuar escrevendo com o mesmo estilo. Quanto a nossa amizade e admiração, saiba que a recíproca é verdadeira.
Traição está na moda com mais intensidade, entre os políticos, que não tem palavra e sim interesses próprios. Mas, infelizmente, quem mais sofre é justamente o povo, que traído, é quem "paga o pato". Forte abraço.
ResponderExcluirCaro Marco Albanez, mais um artigo de sua autoria que vem nos brindar, recheado de ensinamentos no que tange o que vem a ser a prática política, no nosso País.
ResponderExcluirAbraço,
Billy
Grande Marco,
ResponderExcluirTraição é coisa séria, que estão banalizando na política. Há de ser feita com arte !
Fernando
Estimado Marco: você é incrível. Como pessoa independente, e mesmo sem estar ligado a qualquer grupo político da nossa terra, tenho que reconhecer que você é uma daquelas pessoas que dá a porrada através de perfume. Graças a Deus, atual e ultimamente a traição na política tornou-se prato feito e os políticos, nada decentes, já se acostumaram. E muitos merecem ser traídos. Quanto a ingratidão, é outra história e para ela não existe perdão. Grande abraço e não deixe de escrever.
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