Lula é "alvo da fúria de uma parte da elite que espera que a sua queda o desqualifique definitivamente para as eleições de 2018"
Jornal francês Le Figaro publicou nesta terça-feira, 8, reportagem de uma página sobre a situação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
247 - A correspondente da publicação no Brasil, Lamia Oualalou, que assina o artigo intitulado "A sombra da Justiça sobre o ícone Lula", faz críticas à atuação do juiz federal Sérgio Moro. Ela classificou a condução coercitiva de Lula como "ação violenta", que provocou agitação até mesmo no Supremo Tribunal Federal.
A jornalista diz que o método utilizado por Moro, de divulgar informações secretas para a mídia, é inspirado na operação italiana Mãos Limpas, dos anos 1990, quando os juízes usavam a imprensa como parte da equipe de investigadores. Para o Le Figaro, essas acusações podem, no entanto, parecer obscuras. Lula teria tido a ideia de comprar o apartamento, cuja reforma teria sido financiada pela imobiliária, mas, no final, ele desistiu, o que torna o crime difícil de qualificar, segundo o jornal francês. O mesmo se aplicaria para o sítio em Atibaia, do qual Lula nega ser o proprietário.
A correspondente lembra ainda que a denúncia de que o petista recebeu 30 milhões de reais em doações e honorários de empresas brasileiras não é uma prática nova. Ela já era adotada por Fernando Henrique Cardoso e não despertou nenhuma inquietação antes.
O jornal traça um paralelo entre Lula e Getúlio Vargas, que chama de chefes de Estado mais carismáticos da história do Brasil. Como na época de Vargas, a sociedade está mais polarizada do que nunca. A operação da Polícia Federal na casa de Lula mobilizou os militantes da esquerda, aos gritos de Lula, guerreiro do povo. Mas ela foi saudada com entusiasmo por parte da classe média, que fez um panelaço.
O texto finaliza dizendo que, inocente ou culpado, Lula é alvo da fúria de uma parte da elite que espera que a sua queda o desqualifique definitivamente para as eleições de 2018. Mas ele paga também as consequências de uma ruptura de diálogo com a sua base política.
Leia aqui a reportagem do Le Figaro.
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