domingo, 24 de abril de 2016

Conhecemos o PSB do passado, mas não sabemos qual será o do futuro, dizem socialistas históricos

SEM RUMO... SEM DESTINO.
Tales Vital, presidente municipal do PSB de Olinda, militante do partido há 30 anos, escreveu no Facebook um desabafo pessoal contra o próprio partido. O pano de fundo é o apoio da legenda socialista ao impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).

“Erro político não tem conserto; só prejuízo. Parece que a tendência do partido é de tirar o socialismo do seu estatuto e regimento”, disse.
E completou: “O PSB de Pernambuco virou um partido auxiliar do DEM, PMDB e PSDB”.

Para alguns integrantes do PSB, partido está jogando fora o projeto construído por Miguel Arraes no passado. Foto: Reprodução
Para alguns integrantes do PSB, partido está jogando fora o projeto construído por Miguel Arraes no passado. Foto: Reprodução

A opinião de Tales parece ser o sentimento de muitos outros integrantes do partido a julgar por uma carta da militância socialista com posicionamento contrário ao impeachment.
Até quem não é filiado ao PSB, mas teve uma estreita ligação com líderes do partido, tem reclamado da postura atual. O sociólogo José Luiz Ratton trabalhou com Eduardo Campos na confecção do Pacto pela Vida, por exemplo, e escreveu uma carta aberta ao deputado federal Tadeu Alencar (PSB) pedindo que ele votasse contra o impeachment.
Erro político não tem conserto; só prejuízo. Parece que a tendência do partido é de tirar o socialismo do seu estatuto e regimento

Tales Vital, do PSB de Olinda
“Nunca fui do PSB mas, como todos sabem, participei de um governo liderado por Eduardo Campos e que entre 2007 e 2013 agregava parte importante das forças progressistas de Pernambuco (PT, PC do B, PDT). Durante os seis anos em que assessorei Eduardo estive perto de uma pessoa que tem uma trajetória importante de defesa da democracia, do estado de direito e dos direitos sociais: o hoje deputado federal Tadeu Alencar. Tadeu, com todo o respeito que tenho por você: coloque seu nome na história e vote contra o golpe e contra o atentado à democracia que estão sendo urdidos pelos setores mais retógrados da sociedade brasileira”.
Ratton foi mais além nas críticas ao PSB e colocou as eleições municipais no meio do debate.
“Não me arrependo de ter votado em Eduardo Campos em 2006 e 2010. Eram promessas de governos de frente popular e de avanços do campo progressista no estado. Tive a chance de contribuir com uma política pública de segurança que salvou muitas vidas, mas que infelizmente perdeu-se no caminho. Mas errei ao votar no PSB nas eleições municipais de 2012 e nas eleições estaduais de 2014, a despeito das pífias alternativas. Com todo o respeito, Nunca Mais!”
A mudança de rota do PSB, tão contestada por filiados, militantes e simpatizantes, ganha força com a ausência de Eduardo Campos, mas não é decorrência dela. Antes de falecer, em agosto de 2014, o ex-governador de Pernambuco já direcionava o partido para o atual caminho.
O governador Paulo Câmara (PSB), afilhado político de Eduardo Campos, contesta as reclamações.Em entrevista à Rádio Jornal esta semana, ele defendeu o posicionamento do partido.
“O PSB majoritariamente defendeu que os deputados votassem pelo SIM, pelo afastamento. Isso foi muito bem discutido no âmbito do partido, não foi uma discussão que aconteceu do dia para noite. Todos nós sabemos que o PSB se afastou do governo federal desde 2013. Teve candidato a presidente da República, que foi Eduardo.  A decisão do PSB não foi unânime, mas foi majoritária. A militância tem que entender também que o partido tem que tomar uma posição”.
Em meio a todo esse debate, fica claro que os socialistas atuais apenas executam um projeto desenhado no passado. A pergunta que alguns militantes fazem é como o PSB chegará ao futuro.

NE10.

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