Vereadora disse que reclamação de artistas era comum nos bastidores (Leo Motta/Folha de Pernambuco)
A vereadora Marília Arraes (PT) é mais um quadro da Oposição do Governo do Estado que expressa apoio aos artistas locais que reclamam da contratação de shows feitas pela administração estadual. Em nota, a petista diz que os fatos são graves e pede “uma postura transparente e enérgica do Governo do Estado”.

Ela ainda disse que as queixas relativas a esse tipo de prática sobre o mesmo grupo que hoje controla o Executivo já existiam nos bastidores.
Na terça (23) dois homens, que se identificaram como os cantores André Rio e Cezzinha, se mostraram insatisfeitos com a contratação de shows em áudios divulgados por um grupo de Whatsapp de artistas locais.
Marília Arraes comentou que o secretário estadual de Esportes, Turismo e Lazer, Felipe Carreras, apressou-se “para ameaçar o artista denunciante e outros que a ele se solidarizaram”.
De acordo com a petista, Carreras teve a pressa para pedir uma investigação policial sobre as declarações dos artistas, mas, em contraponto, a Polícia foi impedida de cumprir seu papel no caso da morte do empresário Paulo César de Barros Morato, encontrado morto em um motel localizado no município de Olinda.
Leia a nota na íntegra:
A Cultura é uma das maiores riquezas de nosso Estado. Como vereadora do Recife, tenho uma militância* em sua defesa e na valorização dos grupos e artistas locais. E é por isso mesmo que tenho acompanhado, com muita atenção, as recentes denúncias feitas por artistas pernambucanos sobre a existência de um esquema criminoso envolvendo o desvio de parte dos cachês, como forma de garantir as contratações em festividades promovidas pelo Poder Público. Os fatos são graves e exigem não só a apuração imediata, como uma postura transparente e enérgica do Governo do Estado.
Há muito tempo ouvimos, nos bastidores, queixas relativas a este tipo de prática em gestões sob o comando deste mesmo grupo que hoje controla o Executivo (estadual e da capital). Mas infelizmente, em função das pressões e do medo constante de represálias, a maior parte dos artistas opta por não dar prosseguimento as denúncias. Afinal, eles só têm o seu próprio testemunho contra um poder hegemônico e perseguidor.
O secretário estadual de Esportes, Turismo e Lazer, Felipe Carreras, apressou-se em ir aos veículos de imprensa não para apresentar medidas efetivas contra a corrupção, mas sim para ameaçar o artista denunciante e outros que a ele se solidarizaram. Este mesmo secretário apressou-se ainda em afirmar que havia solicitado uma investigação policial – ressalto, a mesma Polícia Civil que há dois dias foi impedida de cumprir seu papel, graças a interferência política deste governo do qual o secretário faz parte.
O caso está ricamente detalhado na nota oficial publicada pelo Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol), que denuncia a interferência política de gestores da cúpula da Polícia Civil para impedir que os policiais fizessem uma perícia no quarto do motel Tititi, onde foi encontrado o corpo do empresário Paulo César de Barros Morato, apontado pelas investigações da Polícia Federal, como sendo um laranja no esquema que investiga o desvio de R$ 600 milhões de reais – operados pelo PSB e empresários. O caso é gravíssimo. E é esta mesma Polícia, sem autonomia que vai investigar as denúncias de nossos artistas?
Pernambuco é terra de gente que não teme a luta. Não podemos permitir que continuem tratando nosso Estado, nossa Cultura, nosso povo desta forma desrespeitosa. O tempo dos coronéis acabou. A sociedade exige respostas. E não são respostas rasas e discursos publicitários.
Aprendi com meu avó, Miguel Arraes, que não há meia verdade e nem meia mentira. Verdades e mentiras são inteiras e não podem ser guardadas para sempre. Nem uma, nem outra. Que a verdade seja trazida à tona, em ambos os casos. É o mínimo que Pernambuco merece.
*Entre as ações voltadas à defesa da Cultura que desenvolvi na Câmara Municipal do Recife estão os projetos de Lei Ordinária nº 060/2016, que estabelece uma nova forma de pagamento dos cachês, com a antecipação de até 50% dos valores devidos até a data da apresentação/exposição/ação e traz outros mecanismos de garantia para o pagamento do restante dentro de prazos estabelecidos previamente, e o PLO nº 117/2014, que veda a utilização de recursos públicos para a contratação direta ou indireta de artistas que, em suas músicas, danças ou coreografias, desvalorizem, promovam, ou incentivem a prática de violência ou exponham qualquer pessoa a situações de constrangimento ou opressão em razão de sexo, cor, idade, orientação sexual ou condição física.
Marília Arraes (PT) – vereadora do Recife