
A propósito das demissões de integrantes do Conselho Nacional de
Educação, o ex-ministro da pasta, Aloizio Mercadante, foi preciso ao definir a
falta de cerimônia com que o vice presidente em exercício Michel Temer avança o
sinal, atropela lei e as regras de funcionamento das instituições públicas.
”Mais uma vez este governo demonstra incapacidade de distinguir entre
instituições de Estado e interesses de governo", diz Mercadante. Os 24
conselheiros, nomeados por Dilma, estavam no exercício dos mandatos previstos
em lei e no regimento do CNE.
A
esta violação some-se a intervenção na EBC, condenada até pela ONU, e a
destituição de seu presidente mandatado, Ricardo Melo, revertida
provisoriamente por liminar do ministro Dias Toffoli, do STF. Enquanto o
mérito não é julgado a empresa de comunicação pública vive o inferno da
incerteza, alimentado por notícias de que Temer vai acabar com tudo, ora só com
a TV Brasil, ora vai transformar a estrutura arduamente construída em uma
agência de notícias. É muito pensar pequeno, é muito ignorar o valor universal
e internacional da comunicação pública nas democracias.
Na
semana passada, outra ilegalidade. Temer demitiu o presidente da Agência
Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (ANATER), que também tinha
mandato de quatro anos garantido em lei. Mas foi nomeado por Dilma, que até
onde se sabe ainda é presidente da República, então que seja degolado. A
ANATER é entidade de direito privado em colaboração com o Poder Público na
execução das políticas de assistência técnica e extensão rural aos agricultores
familiares. Não possui qualquer vínculo de subordinação hierárquica a qualquer
ministério ou instância do Poder Executivo. Tal como o presidente da EBC, é
nomeado pelo presidente da República mas seu mandato tem que ser respeitado,
salvo nos casos previstos em lei. Dane-se a lei.
Da mesma forma, a independência dos 24 conselheiros do CNE é
garantida por mandatos de quatro anos. Em abril, ainda ministro, Mercadante
publicou a lista das 39 entidades civis de educação que haviam feito
indicações. Dilma fez as indicações a partir da lista de indicados, embora
pudesse sacar do bolso metade dos conselheiros. Por terem sido nomeados por
ela, estão sendo todos exonerados, apesar do mandato. Dane-se o regimento do
CNE.
O
governo vem demitindo uma média de 100 funcionários por dia, nos mais altos e
nos mais baixos escalões, embora Temer por ora seja apenas um vice no exercício
do cargo. Nos altos escalões, demite-se para nomear pessoas afinadas com
as novas políticas de governo, e demite-se também por mera caça às bruxas,
porque o funcionário tem laços com o PT ou partidos da base de Dilma.
Daqui
a pouco, Temer vai demitir os presidentes das agências reguladoras. Quando isso
acontecer, será melhor fechá-las. Quando deixarem de ser independentes, não
terão mais qualquer serventia como reguladoras do mercado e defensoras dos
usuários e clientes de serviços públicos, executados diretamente pelo Estado ou
concessionados.
E
preparem-se os procuradores, pois neste ritmo, dificilmente Temer fará como
Lula e Dilma, que sempre escolheram o Procurador-Geral a partir da lista
tríplice eleita pelos próprios integrantes da carreira. O MPF, órgão de Estado,
nesta marcha também acabará sendo visto como organismo governament
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