quinta-feira, 1 de setembro de 2016

CÉLIA LABANCA: "O DIA DO HORROR FINAL!"

Texto lúcido, bem escrito, sobretudo trazendo a justa ideia das aberrações ocorridas neste Brasil de pós democracia republicana. Célia Labanca é Diretora do MAC - Museu de Arte Contemporânea, localizado na cidade de Olinda-PE.

Resultado de imagem para célia labancaNo dia 29 de agosto de 2016 encontrava-me à frente da televisão do meu quarto assistindo ao vivo e à cores uma bela página da história do Brasil, entre emocionada e orgulhosa com o exemplo que estava tendo de coragem, de firmeza, de grandeza, e de verdade proferidas pelo discurso da Presidente Dilma, primeira mulher eleita, por duas vezes, para comandar o país. A mesma que por ser mulher, contrariou com a sua biografia, seu gênio e seu gênero, seus programas sociais e sua política externa, a elite brasileira, esquizofrênica, medíocre, boba, e derrotada nas urnas, que insistiu por romper os direitos da soberania popular, ferir nossa Constituição, e nos levar ao risco até de perdermos o estado de direito, e a democracia pelos quais tanto lutamos até conquistar, após torturas, assassinados, dívidas externas e internas aumentadas, desemprego, ciranda financeira, e mais...

Hoje, dia 31 de agosto do mesmo ano, eu estou triste, muito triste. O machismo neste enlameado tempo venceu no dia do horror final. A impediram de governar, coisa que já vinham fazendo desde o dia da posse do seu segundo mandato, enquanto procuravam meios de fazê-lo como fizeram hoje, definitivamente. - A vergonha materializou-se. E, com a conivência, e os votos de uma corja de machistas, traidores, indiciados, denunciados, delatados.
Ela não ganhou o direito de voltar ao cargo, como já se esperava. Ela perdeu para um jogo abominável, de cartas marcadas, urdido e protegido pela mentira, pela sordidez, e pelos interesses patológicos e pessoais, e como tal escusos: "os de se proteger e continuar saqueando.", também!
O povo de nosso país, não conhece a história, nem as histórias, muito menos o jogo político, e menos ainda os interesses de alguns setores contra ele. Mesmo e independente de qualquer partido político. Mas, intui. E intuiu à época das eleições que o melhor para ele seria a manutenção de um governo comprometido com as lutas populares que lhe estavam melhorando a vida, e por isso o apoiaram em sua maioria, e por vários anos. - Cujo modo inclusivo o mundo inteiro reconheceu.
Sua saída definitiva deixa um governo que tem tudo para naufragar na medida em que já demonstra a protelação do mandato de um gangster; que apóia uma política neo-liberal que entregará o patrimônio do país a quem interessar possa, privatizando sem o respaldo popular; que tem contas de campanha ainda a serem julgadas, que tem citações sem fim na operação lava-jato; que mexerá nos direitos adquiridos dos trabalhadores, e ex-trabalhadores. Ou seja, ficamos com o que há de pior, de mais anacrônico; com um sujeito que é capaz de trair, ávido que é pelo poder.
O golpismo que ganhou hoje, nos levará ao obscurantismo. Obscurantismo este que se traduzirá no retrocesso social e político, não distribuindo renda, e fazendo aumentar a exclusão social, inclusive com a inexistência de políticas de gênero, e etinia. Não diminuirá a inflação, e não diminuirá os índices de desemprego. Não será capaz de se fazer popular, nem respeitado porque, por mais que não se queira, a verdade virá sempre à tona, e ficará claro que quem não tem o apoio da maioria, nem o respeito que é fundamental ao homem ou mulher público, sério e probo como devem ser, muito menos conseguirá fazer o pais crescer, nem realizar as reformas necessárias para tal. - Coitados de nós!
Mas, vamos esperar. O tempo estar aí para isto. Disponível inclusive para vermos os arrependimentos. - Mesmo que o povo não mereça!
Célia Labanca.
Em 31.08.2016.

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