domingo, 9 de abril de 2017

Exames com resultado normal são 'desperdício' para o SUS, diz ministro da Saúde

 Nos EUA, Ricardo Barros critica médicos que 'transferem responsabilidade' em diagnósticos e diz que sistema de saúde não pode ser 'tudo para todos'.

Ricardo Barros, ministro da Saúde (imagem de arquivo)

O ministro da Saúde, Ricardo Barros, afirmou que "80% dos exames de imagem no SUS (Sistema Único de Saúde) têm resultado normal" e que isso representa "desperdícios que precisam ser controlados".
Barros participou na manhã deste sábado (8), em Cambridge (EUA). da Brazil Conference, evento sobre o Brasil organizado pela Universidade Harvard e o Instituto de Tecnologia de Massachussetts (MIT). Em apresentação e posteriormente em entrevista à BBC Brasil, defendeu a necessidade de controlar a prescrição de exames.
"Temos que ter controle da demanda que os médicos fazem destes exames e passar a avaliar como utilizam sua capacidade de demandar do SUS. Se o médico solicita muitos exames que dão resultado normal, ele não está agindo de forma correta com o sistema", afirmou Barros à BBC.
Segundo o ministro, exames de imagem (como tomografias e ultrassonografias) que não identificam problemas ou doenças sugerem que os médicos não estariam fazendo diagnósticos clínicos de forma correta.
Questionado se os exames precisam revelar problemas para serem considerados necessários, Barros disse que não quer interferir na capacidade de tomada de decisões dos médicos.
"Mas os medicos não podem pedir exame como forma de transferir sua responsabilidade de emitir diagnósticos", afirmou.
"Os exames só devem ser usados quando há necessidade, não como rotina para diminuir a responsabilidade que o médico tem de fazer um diagnóstico a partir dos elementos clínicos."

'Tarefa impossível'

Durante sua fala na Brazil Conference, o ministro disse que os médicos da rede pública não estão atentos aos custos dos procedimentos que solicitam para seus pacientes.
"Temos muitos problemas em ajustar o médico como uma peça do sistema, e não como o centro do sistema. O médico tem uma visão que é fruto do compromisso que faz quando se forma, que é estar acima da questão pragmática, dos recursos."
Ele explicou a fala à BBC Brasil. "Ao médico, cabe solicitar os meios para salvar uma vida, e ao gestor cabe disponibilizar aqueles que são possiveis de serem disponibilizados."

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