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CIR de Itaquitinga |
O Blog da Noelia Brito já havia revelado, com exclusividade, que a PPP de Itaquitinga era um dos temas tratados pela delação premiada dos executivos da Odebrecht e que um "cheque especial" de R$ 100 milhões, não quitado por meio de aditivos aos contratos da Arena Pernambuco, seriam o "pepino" referido por Marcelo Odebrecht, em depoimento prestado ao ministro Herman Benjamin, no processo de cassação da chapa Dilma/Temer, que teria impedido a Odebrecht de realizar doações para a campanha de Eduardo Campos, nas eleições de 2014.
As revelações foram feitas em conversas gravadas entre integrantes do governo de Pernambuco e empresários responsáveis pela PPP de Itaquitinga e o ex-executivo da Odebrecht, João Antônio Pacífico, um dos principais delatores da empreiteira baiana, cuja delação teve o sigilo levantado, pelo relator da Lava Jato, no Supremo, Edson Fachin.
As conversas foram degravadas e publicadas em nosso Blog (Leia AQUI), com exclusividade e seu conteúdo foi corroborado pelas delações dos executivos Antônio Pacífico, Fernando Reis, Benedicto Junior e pelo próprio Marcelo Odebrecht, em suas delações perante procuradores da República, em várias unidade do MPF, onde os depoimentos foram prestados.
Em seu Termo de Depoimento (TD nº 28 Anexo 19 - CIR), prestado na sede da Procuradoria da República, em Pernambuco, no dia 13/12/2016, o ex-executivo da Odebrecht, Fernando Luiz Ayres da Cunha Santos Reis, que presidia a Odebrecht Ambiental, confirmou as fraudes praticadas pelos empresários ligados ao Consórcio Advance/Socializa, em conluio com membros do governo do Estado de Pernambuco, para a liberação de um empréstimo de R$ 350 milhões, junto ao Banco do Nordeste do Brasil e que deveriam ter sido investidos nas obras do Centro Integrado de Ressocialização de Itaquitinga.
Segundo Fernando Reis (aos 16"46'), um secretário do governo do Estado de Pernambuco teria assinado uma Certidão atestando falsamente a conclusão da obra do CIR de Itaquitinga. Por causa dessa Certidão, o BNB liberou o total do empréstimo e, ainda segundo o delator, em menos de 48 horas, os sócios da empresa teriam distribuído entre si, como "dividendos", nada menos que R$ 90 milhões do valor do empréstimo.
Fernando Reis revela, ainda, que ao ser informado por ele sobre o desvio dos R$ 90 milhões, Marcelo Odebrecht, que havia sido, conforme antecipamos em nosso Blog, acionado por Eduardo Campos para cobrir o rombo com um "cheque especial" inicial de R$ 50 milhões e já lhe eram pedidos mais R$ 20 milhões, para aquele "buraco sem fundo", questionou Eduardo sobre a destinação dos R$ 90 milhões do empréstimo com o BNB. Campos, então, teria atribuído o desvio a uma "questão do PT", buscando eximir seu pessoal de envolvimento nos desvios.
O conteúdo da delação do chefão da Odebrecht, porém, indica, que Marcelo não acreditou na versão de Eduardo Campos, pois além de ter suspendido quaisquer repasses para o PSB, enquanto Eduardo Campos não resolvesse o imbróglio de Itaquitinga, ainda repetiu, por reiteradas vezes, em sua própria delação premiada, ter certeza de que alguém no governo Eduardo Campos tinha "o rabo muito preso" com "o tal de Fialho", da Advance, pois só isso para explicar a moleza com que a equipe de Eduardo, sempre tanto competente nessas situações, tratara o caso. Aos 10"10' Marcelo diz: "Eu acho que Fialho tinha relações com algumas pessoas dentro do governo e que eu acho que uma das razões que eles não conseguiam resolver é que eles tinham que jogar mais duro com o tal do Fialho, eu acho que devia ter gente lá com o rabo preso com o Fialho, porque é impossível! A gente pedia as coisas e as coisas não aconteciam e normalmente, a equipe de Eduardo era um equipe competente pra resolver as coisas e isso não é nada!" Aos 13"15', Marcelo Odebrecht repete: "Com certeza, alguém lá tinha o rabo preso com o Fialho!" (Confira Aqui ).
Reis ainda revela que o dinheiro que a Odebrecht aportou na PPP de Itaquitinga através de uma empresa "laranja" de um amigo de Marcelo, a DAG, já que a própria Odebrecht não poderia aparecer oficialmente no negócio, foi repassado por meio de "offshores" no exterior e continua até hoje como uma pendência não resolvida entre o governo de Pernambuco e a empresa, já que o governador João Lyra não levou adiante as providências acordadas entre Marcelo e Eduardo, antes do falecimento deste, medidas que, segundo Fernando Reis eram, "de fato, bastante complicadas, até de se justificar".
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