terça-feira, 6 de junho de 2017

CORRUPÇÃO EM CONTRATOS PARA ARENAS COLOCA MAIS UM EX-PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPUTADOS NA CADEIA E PÂNICO TOMA CONTA DE INVESTIGADOS POR CORRUPÇÃO NA ARENA PERNAMBUCO


Noélia Brito
A Polícia Federal acaba de prender o ex-presidente da Câmara dos Deputados e um dos homens de confiança do presidente Michel Temer, Henrique Eduardo Alves, por corrupção e lavagem de dinheiro. Junto com Alves também foi preso o secretário de Turismo de Natal, Fred Queiroz.


O mandado de prisão foi expedido pela Justiça Federal do Rio Grande do Norte e é um desdobramento das delações da Odebrecht.

Há também mandado de prisão contra o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso no Paraná por decisão do juiz Sergio Moro desde outubro do ano passado.

A operação desta terça foi batizada como Manus e apura supostos crimes de corrupção ativa e passiva, além de lavagem de dinheiro.

A investigação se baseia em provas da Lava Jato que apontam que Alves e Cunha receberam suborno na construção da Arena das Dunas, estádio construído em Natal para a Copa do Mundo.

De acordo com a apuração da Polícia Federal e do Ministério Público, houve sobrepreço de R$ 77 milhões no valor da obras, com favorecimento de duas grandes construtoras.

Os pagamentos ocorreram como doação eleitoral oficial, entre 2012 e 2014. Os valores, segundo os investigadores, omitiam subornos e, em um dos casos, eram desviados em benefícios pessoais.

A prisão de Alves e do secretário de Turismo de Natal  trouxe pânico para investigados pelos mesmos crimes que, segundo a Polícia Federal, na Operação "Fair Play", teriam sido praticados para a contratação da Odebrecht na PPP da Arena Pernambuco. O Inquérito sobre as fraudes na construção da Arena Pernambuco, que tem como investigados o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, o prefeito do Recife, Geraldo Júlio, o senador Fernando Bezerra Coelho e o deputado federal Tadeu Alencar, todos do PSB, tramita no Supremo Tribunal Federal, em razão do foro privilegiado dos últimos investigados, que são parlamentares (Leia AQUI).

Apesar de correr em sigilo é possível acompanhar a movimentação do Inquérito 4292, ainda superficialmente e saber que as decisões da relatoria, a cargo do ministro Celso de Mello, não têm sido do agrado dos investigados que já ingressaram com pelo menos um Agravo Regimental para contestar tais decisões.

No momento, o inquérito se encontra com vistas à Procuradoria Geral da República, que em um outro inquérito (Inq. 4005) onde também é investigado o senador Fernando Bezerra Coelho e os empresários Aldo Guedes e João Carlos Pessoa de Mello Lyra, o segundo apontado como responsável por cobrar e receber propina em nome do PSB em todas as obras realizadas em Pernambuco e o terceiro como o responsável por receber as propinas em casas de câmbio e em contas no exterior, afirma existir "uma verdadeira organização criminosa dedicada à prática sistêmica de corrupção com caráter marcadamente político no Estado de Pernambuco" (Leia AQUI).


Diante do números de inquéritos, delações e evidências, inclusive documentais, envolvendo nomes importantes dos governos estadual e municipal, de Pernambuco, que vão desde seus titulares até secretários, investigados sigilosamente por envolvidos corrupção e em lavagem de capitais para empreiteiras investigadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal, em Brasília, por pagamento de propina disfarçadas de doações eleitorais, a grande pergunta que se faz, hoje, é quando a Polícia Federal baterá às portas dessas autoridades que há bem pouco tempo se consideravam intocáveis, já que as visitas serão, sim, inevitáveis, líquidas e certas, como uma "pule de 10".   

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