Noélia Brito
A Polícia Federal acaba de prender o ex-presidente da Câmara
dos Deputados e um dos homens de confiança do presidente Michel Temer, Henrique
Eduardo Alves, por corrupção e lavagem de dinheiro. Junto com Alves também foi
preso o secretário de Turismo de Natal, Fred Queiroz.
O mandado de prisão foi expedido pela Justiça Federal do Rio
Grande do Norte e é um desdobramento das delações da Odebrecht.
Há também mandado de prisão contra o ex-deputado Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), preso no Paraná por decisão do juiz Sergio Moro desde outubro
do ano passado.
A operação desta terça foi batizada como Manus e apura
supostos crimes de corrupção ativa e passiva, além de lavagem de dinheiro.
A investigação se baseia em provas da Lava Jato que apontam
que Alves e Cunha receberam suborno na construção da Arena das Dunas, estádio
construído em Natal para a Copa do Mundo.
De acordo com a apuração da Polícia Federal e do Ministério
Público, houve sobrepreço de R$ 77 milhões no valor da obras, com favorecimento
de duas grandes construtoras.
Os pagamentos ocorreram como doação eleitoral oficial, entre
2012 e 2014. Os valores, segundo os investigadores, omitiam subornos e, em um
dos casos, eram desviados em benefícios pessoais.
A prisão de Alves e do secretário de Turismo de Natal trouxe pânico para investigados pelos mesmos
crimes que, segundo a Polícia Federal, na Operação "Fair Play",
teriam sido praticados para a contratação da Odebrecht na PPP da Arena
Pernambuco. O Inquérito sobre as fraudes na construção da Arena Pernambuco, que
tem como investigados o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, o prefeito do
Recife, Geraldo Júlio, o senador Fernando Bezerra Coelho e o deputado federal
Tadeu Alencar, todos do PSB, tramita no Supremo Tribunal Federal, em razão do
foro privilegiado dos últimos investigados, que são parlamentares (Leia AQUI).
Apesar de correr em sigilo é possível acompanhar a
movimentação do Inquérito 4292, ainda superficialmente e saber que as decisões
da relatoria, a cargo do ministro Celso de Mello, não têm sido do agrado dos
investigados que já ingressaram com pelo menos um Agravo Regimental para
contestar tais decisões.
No momento, o inquérito se encontra com vistas à
Procuradoria Geral da República, que em um outro inquérito (Inq. 4005) onde
também é investigado o senador Fernando Bezerra Coelho e os empresários Aldo
Guedes e João Carlos Pessoa de Mello Lyra, o segundo apontado como responsável
por cobrar e receber propina em nome do PSB em todas as obras realizadas em
Pernambuco e o terceiro como o responsável por receber as propinas em casas de
câmbio e em contas no exterior, afirma existir "uma verdadeira organização
criminosa dedicada à prática sistêmica de corrupção com caráter marcadamente
político no Estado de Pernambuco" (Leia AQUI).
Diante do números de inquéritos, delações e evidências,
inclusive documentais, envolvendo nomes importantes dos governos estadual e
municipal, de Pernambuco, que vão desde seus titulares até secretários,
investigados sigilosamente por envolvidos corrupção e em lavagem de capitais
para empreiteiras investigadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público
Federal, em Brasília, por pagamento de propina disfarçadas de doações
eleitorais, a grande pergunta que se faz, hoje, é quando a Polícia Federal
baterá às portas dessas autoridades que há bem pouco tempo se consideravam
intocáveis, já que as visitas serão, sim, inevitáveis, líquidas e certas, como
uma "pule de 10".
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