domingo, 10 de abril de 2011
Dilma completa cem dias de governo com estilo próprio e elogios até da oposição
Primeira mulher presidente do Brasil, Dilma Rousseff completa seus cem primeiros dias de governo neste domingo (10) e, embora pareça pouco tempo para uma avaliação, a quantidade de testes pelos quais já passou servem como uma prévia de como serão os próximos quatro anos.
Do embate com sindicalistas pela aprovação de um salário mínimo de R$ 545 ao anúncio de um corte de R$ 50 bilhões no Orçamento, nos cem dias Dilma tomou medidas negativas e enfrentou algumas polêmicas. Mesmo assim, seu estilo de governar já rendeu elogios até mesmo entre os adversários, como o líder do PSDB na Câmara, deputado Duarte Nogueira (SP).- Ela tem personalidade própria. Tem se dedicado à questão administrativa e tem se enfronhado na gestão. Conseguiu conter a sanha avassaladora por cargos por parte da base aliada e do próprio PT.
A “sanha por cargos” citada pelo tucano foi outro dos testes enfrentados por Dilma logo de cara. Mas a presidente não cedeu às pressões de bastidores por nomeações e congelou as indicações de segundo escalão no governo. A medida foi um recado claro para mostrar à base de apoio quem manda e, a julgar pela fidelidade de seus aliados no Congresso, foi entendido.
Mas para o professor Humberto Dantas, o novo modo de lidar com o Congresso não é o que mais marca em Dilma. Ele destaca a posição da presidente na política internacional como a principal mudança em relação ao governo anterior. Segundo ele, mesmo mantendo muitas características do antecessor e padrinho político, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma já conseguiu imprimir seu próprio estilo nas relações internacionais.
- Sua maior mudança em relação ao governo anterior é um rearranjo na política externa. Isso fica bastante evidente em algumas posições que o Brasil tomou, principalmente em relação a países considerados não democráticos, como o Irã.
A referência de Dantas ao país dos aiatolás não é à toa. No mês passado, o Brasil foi a favor do envio de um relator especial da ONU (Organizações das Nações Unidas) para investigar violações de direitos humanos no Irã e, pela primeira vez em dez anos, votou contra os antigos parceiros.
Na área econômica, o estilo gerentona e seu conhecimento técnico – Dilma é formada em economia – também rendeu elogios à presidente. Para o economista-chefe do Bradesco, Octávio de Barros, mesmo diante de grandes desafios, como o controle da inflação e uma guerra cambial que prejudicou as exportações, Dilma deu sinais positivos ao mercado.
- Estamos diante de um governo mais pragmático, mais técnico, mais parrudo. Ela é uma melhor de agenda, menos política, workaholic. Tem uma compreensão da construção de uma agenda, que eu tenho chamado de destravamento e envolvem burocracias, tributações.
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