“Na área desalentadora das emissoras públicas e estatais, acaba de surgir uma notícia que não é puro ranger de dentes: a TV Brasil promete que vai suspender a transmissão de missas católicas e cultos evangélicos. Aleluia, cidadãos!
Tirar uma celebração religiosa da TV brasileira será um pequeno milagre. É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que uma missa sair da grade de uma estação de TV no Brasil. Em verdade vos digo: as religiões, algumas fanáticas, outras meramente formais, não são apenas o ópio dos radiodifusores; elas são o bezerro de ouro – e ponha ouro nisso – de boa parte dos canais de rádio e TV, sejam eles públicos ou privados, com fins de lucro.
Até aí, nada de novo sob o sol. É assim desde o princípio dos tempos televisivos. Agora, porém, o anúncio da TV Brasil pode indicar mudanças no horizonte. Uma tendência que parecia eterna poderá ser invertida. Ao menos é o que parece. Se de fato as igrejas saírem do ar, nem que seja numa única estação, teremos razão para um júbilo moderado.
Será uma glória, ainda que modesta. Em nosso país, religião e radiodifusão guardam laços antigos, quase pétreos, e a presença de pregadores na tela só faz aumentar. Basta olhar a paisagem. Diversas emissoras públicas, em uma ou outra beirada da sua grade, têm lá uma pregação católica regular. Um exemplo é a TV Cultura de São Paulo, pertencente à Fundação Padre Anchieta, que cultiva a tradição de transmitir a missa de Aparecida. A distorção não para aí. Ela se espalha pelos domínios das emissoras comerciais, que são a grande maioria. A Globo, aos domingos, pouco antes das 6 da manhã, transmite em São Paulo a Santa Missa, estrelada pelo padre Marcelo Rossi.”
Obs; Laica é o mesmo que leiga.
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