Considerada a pior dos últimos 50 anos, seca ameaça diminuir a produção de energia hidrelétrica e prejudicar o abastecimento da Região; além da estiagem, a expansão do consumo elétrico regional também é um fator de preocupação, principalmente com o nível dos reservatórios estimado em 23,59%, um dos piores índices em mais de uma década; caso os níveis não subam a partir da próxima estação chuvosa, deve-se aumentar a transmissão das usinas no Sudeste e no Centro-Oeste do Brasil, mas mesmo esta alternativa tende a ser limitada em função da capacidade de carga das linhas necessárias à operação
Mariana Almeida / Pernambuco 247 - A seca prolongada no Nordeste, que perdura desde 2011e é considerada a pior dos últimos 50 anos, deixou os reservatórios em estado crítico, ameaçando diminuir a produção de energia hidrelétrica e prejudicar o abastecimento da Região. Além da estiagem prolongada, a expansão do consumo elétrico no Nordeste preocupa, principalmente com o nível dos reservatórios estimado em 23,59%, representando um dos piores índices em mais de uma década. Caso os níveis não subam a partir da próxima estação chuvosa, deve-se aumentar a carga de transmissão das usinas no Sudeste e no Centro-Oeste do Brasil, mas mesmo esta alternativa tende a ser limitada, o que poderá implicar em sérios prejuízos à Região.
Segundo dados disponíveis no site oficial do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), os principais reservatórios do Nordeste estão com os níveis em estado crítico. O principal reservatório de água do Nordeste, o lago de Sobradinho (BA) registra apenas 21,71% da sua capacidade de armazenamento. Em 2011, o nível do reservatório no mês de novembro era de quase 40%. Na barragem de Três Marias, o nível é estimado em 21,83%, quando, em novembro de 2011, era de quase 60%.
Já o reservatório de Itaparica acumula cerca de 30,4% da capacidade (não constam dados oficiais de 2011 para comparação). Os três reservatórios são ligados ao Rio São Francisco, que representa 96,86% das bacias da Segião. Segundo a Companhia Elétrica de Minas Gerais (Cemig), detentora do reservatório de Três Marias, a usina está gerando 160 megawatts de energia, bem abaixo da capacidade máxima de 396 megawatts. Segundo o órgão, as previsões apontam que o índice de chuvas na área só deverá aumentar no início de 2014.
Caso a estação chuvosa do Nordeste não consiga repor os níveis do reservatório, o suprimento de da Região poderá ser gravemente afetado. As usinas térmicas do Nordeste já estão acionadas, como forma de aumentar a produção de energia e poupar a pouca água disponível nos reservatórios que será necessária para enfrentar o próximo período de estiagem. Em entrevista ao portal de notícias Reuters, na semana passada, o presidente da Associação Brasileira de Companhias de Energia Elétrica (ABCE), Carlos Ribeiro, com a energia térmica do Nordeste quase toda acionada, é necessário um empréstimo maior de energia das outras regiões. Para isso, entretanto, seria preciso que o ONS tivesse cuidados com o sistema de transmissão, já que o estresse nessas linhas pode levar a um blecaute semelhante ao ocorrido em agosto de 2013. As informações foram dadas durante entrevista ao portal de notícia Reuters.
Entretanto, para o superintendente de Operação e Contratos de Transmissão de Energia da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf), João Henrique, os índices esperados para a estação chuvosa que se iniciou em novembro serão suficientes para repor o nível dos reservatórios. “A situação está dentro do planejado, considerando que estamos no início do período chuvoso”, avaliou Henrique. “Esperamos uma elevação no nível dos reservatórios, principalmente nos ligados ao Rio São Francisco. Realmente obtivemos um índice baixo na última estação chuvosa, mas esperamos meses mais favoráveis. Entretanto, qualquer prognóstico agora seria especulação”, argumentou Henrique.
De acordo com especialistas no assunto, a situação ainda não é alarmante, por não se terem ainda dados concretos sobre a vinda dessas chuvas. Porém, caso elas não cheguem, a situação pode piorar ainda mais devido a limitação de geração de energia térmica e de linhas de transmissão de energias provenientes do Sudeste e Centro-Oeste. Para não ficar na constante dependência das chuvas a Chesf vem buscando diversificar o seu parque gerador investindo em outras fontes de energia.
Além da energia hidrelétrica e térmica, devem ser construídos no Nordeste parques para produção de energia eólica. Atualmente, a Chesf possui cerca de 960 megawatts licenciados pelo Governo Federal para produção no Nordeste, com previsão de entrarem em operação até 2016. Esse tipo de energia, que deverá consumir investimentos de cerca de R$ 1,16 bilhão, servirá como uma espécie de reforço na geração de energia na Região, uma vez que é justamente nos períodos secos que os ventos são mais fortes.
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