terça-feira, 11 de novembro de 2014

Água dos chuveirões da praia de Boa Viagem apresenta alto índice de contaminação

Amostras constataram a presença de coliformes fecais e nitratos acima do normal

Lucas Melo/Arquivo Folha
Mais de 70 chuveiros foram identificados na orla
Uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira (10) pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) constatou que a água proveniente dos chuveirões instalados por ambulantes da praia de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, podem causar sérios riscos à saúde dos usuários. Após análises microbiológica e físico-química, percebeu-se que a maioria dos equipamentos possui nível de contaminação por coliformes fecais e nitratos muito acima do considerado normal. Além disso, as condições das bombas que levam a água para os chuveiros são precárias.

A pesquisa “Diagnóstico da qualidade das águas dos chuveirões da praia de Boa Viagem-Recife/PE” foi realizada pelas alunas Luísa Almeida e Renata Silva, respectivamente dos cursos de Farmácia e Química Industrial da UFPE, e Ana Lúcia Assunção, graduanda de Licenciatura em Química da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Os trabalhos foram conduzidos pela professora Silvana Calado, do Departamento de Engenharia Química da UFPE.
A primeira etapa da pesquisa foi realizada entre 18 e 21 de abril, quando foi possível identificar 78 chuveirões com água oriunda de poços instalados na orla. Depois disso, no dia 4 de maio, foram coletadas amostras em dez pontos. Para surpresa das pesquisadoras, as substâncias encontradas estavam acima do indicado pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Outro problema identificado é que a água contaminada pode atravessar pela areia e contaminar o lençol freático. Além disso, a contaminação aumenta porque há pessoas que, ao utilizar os chuveirões, aproveitam para urinar.
O trabalho foi apresentado no 54º Congresso Brasileiro de Química, realizado em Natal (RN), em novembro. De acordo com a professora responsável pelo projeto, já estão sendo realizadas novas coletas para tentar avaliar com mais precisão o que está causando a contaminação. A pesquisa também alerta sobre os perigos de entrar em contato com a água, que também é aproveitada para cozinhar e lavar os pratos, copos e talheres utilizados pela população que frequenta as barracas.
De acordo com as pesquisadoras, os comerciantes disseram que não existe fiscalização da qualidade da água bombeada nesses locais. “As bombas não possuem proteção levando perigo aos frequentadores”, afirma Silvana.
A reportagem do FolhaPE procurou a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Recife, que afirmou não ser responsável pela fiscalização no local. Já a assessoria de imprensa da Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb) informou que os equipamentos mencionados não são instalados pela Prefeitura e que, por isso, não é responsabilidade da empresa a averiguação da qualidade da água. A Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), por fim, explicou que, como a água provém de poços, o abastecimento em questão não é de sua responsabilidade.

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