Hospital da mulher se chamará "Mercês Cunha".

Os vereadores do Recife vão apresentar, em conjunto, o projeto de lei visando a batizar o Hospital da Mulher de Mercês Cunha

Os vereadores reuniram-se, no gabinete de Sileno Guedes, com as secretárias da Mulher e cederam aos argumentos. Reconhecem que Eduardo Campos foi um dos maiores patrocinadores da causa, mas admitem que a homenagem deve ser dirigida a uma mulher. 

Maria das Mercês Cunha Maria das Mercês Pontes Lima Cunha, nascida em São José da Lage, no Estado de Alagoas, cursou medicina em Recife-Pernambuco, residindo na casa universitária, na qual era muito querida pelas suas colegas de faculdade, época em que conheceu o seu esposo, Dr. Ruy Pinto Cunha, colega médico, com o qual teve cinco filhos. Concluiu o seu curso em 1954 pela UFPE, e de imediato, passou a exercer a profissão, na área de Saúde Pública pela Secretaria de Saúde de Pernambuco. Em 1956, fez aperfeiçoamento na Clínica Ginecológica -Colposcopia e Colpocitologia - no HC/USP - SP. Implantou, em 1957, o Serviço de Prevenção do Câncer do Colo Uterino, quando contratada pelo Hospital das Clínicas da UFPE, daí surgindo o Setor de Citopatologia na Cadeira de Anatomia Patológica e Fisiologia. Desde então, Dra. Mercês se dedicou à Prevenção do Câncer Ginecológico, sendo um símbolo de dedicação e solidariedade nesta área, transmitindo seus conhecimentos e lutando por essa causa, janto à sociedade e órgãos competentes. Em 1960 passou a ser Instrutora de Ensino pela UFPE, após Especialização pela Universidade Federal de Minas Gerais. No ano de 1973, fez o Curso de Ensino Aprendizagem -UFPE e ainda nesse ano, implantou o Centro de Citohistopatologia e iniciou o primeiro Curso de Formação de Citotécnicos, pela FUSAM/SSPE. Também passou a assessorar o Ministério da Saúde - Divisão Nacional de Doenças Crônicas e Degenerativas e prestou Consultoria a OPAS/OMS. Livre Docente em Citopatologia, recebeu em 1994,o título de Professor Emérito da UFPE. Foi professora do Mestrado de Tocoginecologia da UPE. Profissionalmente, Dra. Mercês, reflete uma vida voltada para a Ciência, contribuindo consideravelmente para a melhoria da qualidade de vida da mulher brasileira, instruindo, desde o profissional técnico de nível médio, a quem tantos formou, até os de nível superior, médicos, a quem especializou, encorajando-os a interagir nesta tão árdua batalha, que é o combate ao Câncer Ginecológico. Com certeza, todos, direta ou indiretamente, sentirão que Maria das Mercês Pontes Lima Cunha foi um marco na história da Citopatologia, em especial no ensino desta nobre especialidade. No dia 20 de fevereiro de 2000 a Dra. Mercês faleceu no Recife. De modo rápido e insidioso, nossa querida ex-Presidente foi atacada por um inimigo contra o qual lutou toda sua vida - o Câncer. Mal teve tempo ou condição para a luta, sendo derrotada pessoalmente, após ter vencido tanto e por tantos anos no combate coletivo. Ao longo de muitos anos ainda serão ecoados seus ensinamentos que pautaram a organização de laboratórios, a introdução dos temas ligados ao controle de Qualidade em Citopatologia, os cursos de formação de Citotécnicos, cursos de Atualização em Citopatologia Ginecológica e inestimavel contribuição aos Programas Nacionais de Combate ao Câncer Cérvico-uterino. A Sociedade Brasileira de Citopatologia rende a última homenagem a esta brasileira que honrou nossa cidadania, elevou o conceito de ensinar, exerceu a Medicina com esmero e dedicação, deixando órfãos seus alunos e inconsoláveis seus amigos.

Dr. Elias Fernando Miziara Presidente da SBC