segunda-feira, 27 de julho de 2015

PODER, PT, IMPEACHMENT, RENÚNCIA... Por Marco ALBANEZ*


As crises políticas têm sido uma regra no Brasil. Ainda criança, no dia 24 de agosto de 1954 “testemunhei” uma grande comoção social em consequência do suicídio do então presidente Getúlio Vargas,chamado pelos seus eleitores e correligionários como o “Pai dos Pobres”. Desde então o país vem enfrentando crises e mais crises políticas, algumas de maior outras de menor intensidade.


Após esse acontecimento, ocorreram tentativas de golpe, a renúncia de Jânio Quadros que quase leva o país à guerra civil quando tentaram impedir a posse do vice João Goulart, o golpe militar de 31 de março de 1964, que depôs o mesmo e colocou generais e uma junta militar na Presidência e que fez o Brasil mergulhar, até 1985, um bom tempo de governos de exceção.Ao final do ciclo militar – com o general Figueiredo saindo pela porta dos fundos do Palácio do Planalto –, ocorreu à eleição indireta e morte de Tancredo Neves, a posse do seu vice José Sarney, com o qual os brasileiros conviveram várias crises, a eleição, renúnciae impeachment de Fernando Collor, e as diferentes crises durante o período dos governos de Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e, desde 2010, Dilma Rouseff.

Durante três vezes Lula tentou eleger-se presidente e não teve êxito, só o conseguindo na quarta tentativa. Durante esse período, ele foi construindo um discurso "ético" de críticas às Instituições políticas e aos seus integrantes, principalmente contra parlamentares e o Congresso Nacional.

Desde 2003, ano em que o Partido dos Trabalhadores começou a “governar” o Brasil, a Polícia Federal (PF) começou a fazer grandes operações de combate à corrupção, até hoje, o montante desviado dos cofres públicos considerando apenas os que envolvem políticos supera a marca de R$ 50,0 bilhões. Esse valor representa o dobro do que foi “gasto” com a realização da Copa do Mundo de 2014 (ou o famoso 7 x 1?) – segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), as obras nos estádios, aeroportos e de mobilidade urbana ficaram em R$ 25,8 bilhões – e não inclui os valores da investigação em andamento da Operação Lava-Jato, onde outros R$ 10,0 bilhões foram desviados. A propósito, são mais de 50 escândalos em quase 13 (que coincidência!) anos no poder.

E as entranhas do poder?
O sociólogo Juacy da Silva diz que “A lógica do PT, inspirada na ‘lógica’ de Lula é simples. Todo dinheiro recebido pelo partido e/ou pelo ex-presidente, mesmo sendo vergonhosamente imoral, é ‘dentro da lei’”. (Portanto, a denúncia – gravíssima – de que a empreiteira Camargo Correa pagou três milhões de reais ao Instituto Lula, sob a rubrica “bônus eleitoral”, é legal.) JáÉlioGaspari resgata algumas das afirmações de Lula em relação ao Congresso Nacional, onde exerceu um mandato. Em seu artigo, Gaspari menciona que Lula em 1994, na cidade de Livramento (RS), assim se expressava: "A responsabilidade é nossa. Temos que criar vergonha na cara e eleger pessoas dignas. Com uma parte do Congresso sob suspeita da população, ele tem pouca legitimidade". Na mesma viagem, desta feita em Rosário do Sul, Lula, referindo-se às duas casas legislativas, disse: "Quem colocou os ladrões lá? Não foi Deus, foi o voto do povo. Ou o povo assume a responsabilidade de mudar este país ou vai ter mais ladrões no Congresso".

Em 1997, falando sobre o governo FHC e, mais uma vez, o Congresso Nacional, Lula dizia: "Sempre desconfiei que um grupo fazia do Congresso um balcão de negócios. O FH foi eleito sob a embalagem do novo, mas não inovou nem mesmo em fisiologia. O Congresso está funcionando como uma bolsa de valores fomentada pelo Executivo e precisamos investigar essa corrupção". E foi mais além em sua campanha no ano de 2002. Afirmou, se referindo ao Congresso, que “naquela instituição existiam 300 picaretas”. E, pior, ele tinha razão – ao menos nisso.

Depois do “mensalão”, nada para mim é surpresa. Tudo que aconteceu, está acontecendo e ainda deverá acontecer, são“consequências” das entranhas do poder, tanto a nível federal quanto aos níveis estadual e municipal. Tudo cheira mal... É podre...

E o que dizer da presidenta Dilma Rousseff? Mulher valente, determinada, inteligente, acostumada a dar esporros em todo mundo – dos ministros aos servidores que servem café no gabinete –, hoje não passa de um “cadáver”: fragilidades física, moral, mental (coitada da mandioca), política, enfim, incapaz de governar – e não governa mesmo – e sem esquecer que não passa de uma mentirosa e “estelionatária eleitoral”. O quê há de se fazer?
Na minha opinião, tudo vai depender do quê e como ocorrerá as manifestações programadas para o dia 16 de agosto. Discordo do impeachment, pois, mesmo como agente passiva, ela foi vítima das entranhas do poder – antes, havia sido “picada pela mosca azul”. E novas eleições para que o povo possa tentar consertar as “coisas”, só com a sua renúncia.
E ela é e/ou seria capaz de renunciar? Bem,no seu caso, o ato poderia ser uma covardia ou um gesto de grandeza, pois, como disse o dramaturgo, escritor e poeta irlandês Oscar Wilde,

"Sempre é possível anular o passado. O arrependimento, o esquecimento e a renúncia poderiam apaga-lo. Mas o futuro é improvável."



*Marco Albanez é advogado (OAB-PE nº 7.658) e jornalista (DRT/PE nº 3.271)

4 comentários:

  1. Severino José de Mélo27 de julho de 2015 às 11:10

    Dr. Marcos Albanez, o seu artigo está muito bom. Abraço. Billy

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  2. José Aristóteles Falcão27 de julho de 2015 às 11:21

    Boa amigo.

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  3. Essa crise é diferente, pois vivemos agora em um regime democratico, com liberdade da imprensa, e com a internet, onde as pessoas tem mais informação.
    Nossas instituições estão amadurecendo, prova é que os investigados do mensão, e agora da lava jato, são pessoas muito ricas e poderosas.
    Podemos dizer que o Brasil agora pode se candidatar para ser um pais onde as leis valem para todos, ricos ou pobres, tem que cumprir a legislação.
    Pois lá, nos países de primeiro mundo, a lei vale para todos, e tem que ser assim, se não vira uma bagunça, como aqui, sem dinheiro para fazer o minimo como saúde, Educação, assistencia social, desenvolvimento economico.

    E verdade que alguns politicos desonestos, querem criar um ambiente diferenciado, onde existam duas realidades, uma onde a lei prevalesse, ou seja o cidadão comum. e outro ambiente, onde entrão os aproveitadores, criando um ambiente como o mensalão, lava jato. e muitos outros mvimentos que são criminosos.

    passamos por tempos dificeis, com desemprego, falta dos serviços publicos.
    Mas a esperança é que, passe a existir só um ambiente, e que qualquer um, seja pobre ou rico, quem cometer algum ato criminoso, seja investigado, processado e julgado.
    condenado ou absorvido, mas com uma decisão judicial. Esperamos que os processos não prescrevão. Como é comum, quando é algum figurão.
    É verdade, que com o conselho nacional de Justiça, a história é outra.

    O Brasil para se Desenvolver Economicamente, Socialmente, Ecologicamente, precisa ter uma base de segurança juridica solida, é o minimo que vai garantir as relações dos negocios, sem criar previlegios para algum grupo.

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