As crises
políticas têm sido uma regra no Brasil. Ainda criança, no dia 24 de agosto de
1954 “testemunhei” uma grande comoção social em consequência do suicídio do
então presidente Getúlio Vargas,chamado pelos seus eleitores e correligionários
como o “Pai dos Pobres”. Desde então o país vem enfrentando crises e mais
crises políticas, algumas de maior outras de menor intensidade.
Após esse acontecimento, ocorreram tentativas de
golpe, a renúncia de Jânio Quadros que quase leva o país à guerra civil quando tentaram
impedir a posse do vice João Goulart, o golpe militar de 31 de março de 1964, que
depôs o mesmo e colocou generais e uma junta militar na Presidência e que fez o
Brasil mergulhar, até 1985, um bom tempo de governos de exceção.Ao final do
ciclo militar – com o general Figueiredo saindo pela porta dos fundos do
Palácio do Planalto –, ocorreu à eleição indireta e morte de Tancredo Neves, a
posse do seu vice José Sarney, com o qual os brasileiros conviveram várias
crises, a eleição, renúnciae impeachment
de Fernando Collor, e as diferentes crises durante o período dos governos de
Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e, desde
2010, Dilma Rouseff.
Durante três vezes Lula tentou eleger-se presidente
e não teve êxito, só o conseguindo na quarta tentativa. Durante esse período,
ele foi construindo um discurso "ético" de críticas às Instituições
políticas e aos seus integrantes, principalmente contra parlamentares e o Congresso
Nacional.
Desde 2003, ano em que o Partido dos
Trabalhadores começou a “governar” o Brasil, a Polícia Federal (PF) começou a
fazer grandes operações de combate à corrupção, até hoje, o montante desviado
dos cofres públicos considerando apenas os que envolvem políticos supera a
marca de R$ 50,0 bilhões. Esse valor representa o dobro do que foi “gasto” com
a realização da Copa do Mundo de 2014 (ou o famoso 7 x 1?) – segundo o Tribunal
de Contas da União (TCU), as obras nos estádios, aeroportos e de mobilidade
urbana ficaram em R$ 25,8 bilhões – e não inclui os valores da investigação em
andamento da Operação Lava-Jato, onde outros R$ 10,0 bilhões foram desviados. A
propósito, são mais de 50 escândalos em quase 13 (que coincidência!) anos no
poder.
E as entranhas do poder?
O sociólogo Juacy da Silva diz que “A lógica do
PT, inspirada na ‘lógica’ de Lula é simples. Todo dinheiro recebido pelo
partido e/ou pelo ex-presidente, mesmo sendo vergonhosamente imoral, é ‘dentro
da lei’”. (Portanto, a denúncia – gravíssima – de que a empreiteira Camargo
Correa pagou três milhões de reais ao Instituto Lula, sob a rubrica “bônus
eleitoral”, é legal.) JáÉlioGaspari resgata algumas das afirmações de Lula em
relação ao Congresso Nacional, onde exerceu um mandato. Em seu artigo, Gaspari
menciona que Lula em 1994, na cidade de Livramento (RS), assim se expressava:
"A responsabilidade é nossa. Temos que criar vergonha na cara e eleger
pessoas dignas. Com uma parte do Congresso sob suspeita da população, ele tem
pouca legitimidade". Na mesma viagem, desta feita em Rosário do Sul, Lula,
referindo-se às duas casas legislativas, disse: "Quem colocou os ladrões
lá? Não foi Deus, foi o voto do povo. Ou o povo assume a responsabilidade de
mudar este país ou vai ter mais ladrões no Congresso".
Em 1997, falando sobre o governo FHC e, mais uma
vez, o Congresso Nacional, Lula dizia: "Sempre desconfiei que um grupo
fazia do Congresso um balcão de negócios. O FH foi eleito sob a embalagem do
novo, mas não inovou nem mesmo em fisiologia. O Congresso está funcionando como
uma bolsa de valores fomentada pelo Executivo e precisamos investigar essa
corrupção". E foi mais além em sua campanha no ano de 2002. Afirmou, se
referindo ao Congresso, que “naquela instituição existiam 300 picaretas”. E,
pior, ele tinha razão – ao menos nisso.
Depois do “mensalão”, nada para mim é surpresa.
Tudo que aconteceu, está acontecendo e ainda deverá acontecer, são“consequências”
das entranhas do poder, tanto a nível federal quanto aos níveis estadual e
municipal. Tudo cheira mal... É podre...
E o que dizer da presidenta Dilma Rousseff? Mulher
valente, determinada, inteligente, acostumada a dar esporros em todo mundo – dos
ministros aos servidores que servem café no gabinete –, hoje não passa de um
“cadáver”: fragilidades física, moral, mental (coitada da mandioca), política,
enfim, incapaz de governar – e não governa mesmo – e sem esquecer que não passa
de uma mentirosa e “estelionatária eleitoral”. O quê há de se fazer?
Na minha opinião, tudo vai depender do quê e como
ocorrerá as manifestações programadas para o dia 16 de agosto. Discordo do impeachment, pois, mesmo como agente
passiva, ela foi vítima das entranhas do poder – antes,
havia sido “picada pela mosca azul”. E novas eleições para que o povo possa tentar
consertar as “coisas”, só com a sua renúncia.
E ela é e/ou seria capaz de renunciar? Bem,no seu
caso, o ato poderia ser uma covardia ou um gesto de grandeza, pois, como disse
o dramaturgo,
escritor e poeta irlandês Oscar
Wilde,
"Sempre é possível anular o passado. O arrependimento, o esquecimento e a renúncia poderiam apaga-lo. Mas o futuro é improvável."
*Marco
Albanez é advogado (OAB-PE nº 7.658) e jornalista (DRT/PE nº 3.271)
Dr. Marcos Albanez, o seu artigo está muito bom. Abraço. Billy
ResponderExcluirBoa amigo.
ResponderExcluirExcelente...
ResponderExcluirEssa crise é diferente, pois vivemos agora em um regime democratico, com liberdade da imprensa, e com a internet, onde as pessoas tem mais informação.
ResponderExcluirNossas instituições estão amadurecendo, prova é que os investigados do mensão, e agora da lava jato, são pessoas muito ricas e poderosas.
Podemos dizer que o Brasil agora pode se candidatar para ser um pais onde as leis valem para todos, ricos ou pobres, tem que cumprir a legislação.
Pois lá, nos países de primeiro mundo, a lei vale para todos, e tem que ser assim, se não vira uma bagunça, como aqui, sem dinheiro para fazer o minimo como saúde, Educação, assistencia social, desenvolvimento economico.
E verdade que alguns politicos desonestos, querem criar um ambiente diferenciado, onde existam duas realidades, uma onde a lei prevalesse, ou seja o cidadão comum. e outro ambiente, onde entrão os aproveitadores, criando um ambiente como o mensalão, lava jato. e muitos outros mvimentos que são criminosos.
passamos por tempos dificeis, com desemprego, falta dos serviços publicos.
Mas a esperança é que, passe a existir só um ambiente, e que qualquer um, seja pobre ou rico, quem cometer algum ato criminoso, seja investigado, processado e julgado.
condenado ou absorvido, mas com uma decisão judicial. Esperamos que os processos não prescrevão. Como é comum, quando é algum figurão.
É verdade, que com o conselho nacional de Justiça, a história é outra.
O Brasil para se Desenvolver Economicamente, Socialmente, Ecologicamente, precisa ter uma base de segurança juridica solida, é o minimo que vai garantir as relações dos negocios, sem criar previlegios para algum grupo.