
As conclusões da pesquisa são avassaladoras para o
presidente de facto do Brasil. E para quem não gosta do instituto Vox Populi
por considerá-lo “petista, vale informar que suas conclusões são quase
idênticas às de recente pesquisa MDA feita para a Confederação Nacional dos
Transportes (CNT), entidade declaradamente antipetista.
Tanto a pesquisa CUT / Vox Populi quanto CNT / MDA mostram
Temer com 11% de aprovação, ou seja, com o mesmo percentual de Dilma. Os dois
institutos detectaram que a sociedade acha que a corrupção será igual ou maior
sob Temer, que a economia vai piorar e que o impeachment não resolverá nada.
Tanto MDA como Vox Populi mostram forte pessimismo da população.
A seguir, o resumo da pesquisa CUT / Vox Populi para
comparação com a pesquisa CNT / MDA
67% dos brasileiros avaliam de forma negativa o governo
interino do vice-presidente, Michel Temer, 32% acham que ele é pior do que
esperavam e o futuro não é nada animador: o desemprego vai aumentar (52%), os
direitos trabalhistas (55%) vão piorar e medidas como idade mínima para
aposentadoria vão prejudicar muita gente (77%). Essas são as principais
conclusões da última pesquisa CUT-Vox Populi, realizada entre os dias 7 e 9 de
junho.
Para 34% dos entrevistados o desempenho de Temer é negativo
– 33% acham que é regular, 11% positivo e 21% não souberam ou não responderam.
O Nordeste é a Região do País onde o vice tem pior avaliação – 49% negativo,
41% regular e 10% positivo. Em segundo lugar vem o Sudeste com 45% negativo,
42% regular e 13% positivo. No Centro-Oeste, 39% consideram o desempenho
negativo, 43% regular e 18% positivo. No Sul, 31% negativo, 45% regular e 24%
positivo.
Os trabalhadores e os mais pobres serão mais prejudicados
Com um mês de governo interino, pioraram todos os
percentuais de avaliação sobre a gestão golpista com relação a classe
trabalhadora e as pessoas que mais necessitam de políticas públicas para ter
acesso à saúde, moradia, educação e alimentação digna.
Para 52% dos entrevistados, o desemprego vai aumentar – o
percentual dos que acreditam que vai diminuir e dos que acham que não vai mudar
empatou em 21%. Na pesquisa anterior,
realizada nos dias 27 e 28/4, 29% acreditavam que o desemprego iria aumentar; 26%
que iria diminuir e 36% que não ia mudar.
Ainda com relação a pesquisa anterior, aumentou de 32% para
55% o percentual dos que acreditam que o respeito aos direitos dos
trabalhadores vai piorar. Para 19% vai melhorar e 20% acreditam que não vai
mudar.
Aumentaram também as expectativas negativas com relação aos
programas sociais em relação a pesquisa feita em abril. Antes, 34% achavam que
com Temer na presidência os programas
iriam piorar. Agora, são 56%.
O percentual dos que acreditavam que ia melhorar variou um
dígito apenas – de 19% para 18%; e dos que acreditavam que não ia mudar que era
de 36% caiu para 19%.
Foram consideradas ruins porque prejudicam a maioria das
pessoas, as propostas de Temer de aumentar a idade mínima para aposentadoria
(77%), a diminuição de verbas do Programa Minha Casa Minha Vida (54%) e a
diminuição do número de pessoas que recebem o Bolsa Família (48%).
Acabar com o monopólio da Petrobrás no Pré-Sal e aumentar a
privatização de empresas e de concessões de rodovias e aeroportos foram
consideradas ruins porque prejudicam o Brasil para 50% dos entrevistados. Para
31% a questão da privatização e das concessões é uma medida necessária e não
vai prejudicar o país, outros 19% não souberam ou não responderam. Quanto ao
Pré-Sal, 25% acham que não vai prejudicar o país e 25% não souberam ou não
responderam.
Temer é pior do que as pessoas esperavam
Para 32% dos entrevistados na pesquisa CUT-Vox Populi, Temer
é pior do que esperavam. Empatou em 16% o percentual dos que acham que ele é
tão ruim quanto achavam que ia ser e dos que consideram que ele é melhor do que
esperavam. Só 7% acham que ele é tão bom quanto esperavam que ia ser e 29% não
souberam ou não responderam.
Com relação ao combate a corrupção, 44% acham que vai
piorar, 26% melhorar e 25% que não vai mudar. A equipe de ministros de Temer é
considerada negativa por 36% dos entrevistados – 32% acham que é regular e 11%
positiva. Para 33% foi um erro grave o governo interino não nomear nenhuma
mulher, 30% acham que foi um erro, mas não muito grave e 30% que é normal.
O impeachment é a solução para o país?
O percentual de brasileiros que NÃO acreditam que a cassação
de Dilma seja a solução para os problemas econômicos do Brasil aumentou para
69%. Na pesquisa CUT-Vox Populi, realizada em dezembro, o percentual era de
57%¨. Nos levantamentos feitos em abril, o índice foi de 58% (9 e 12/04) e 66%
(27 e 28/04).
Para 26% o golpe é a solução. Nas pesquisas anteriores, os
percentuais foram de 34% (dezembro), 35% 9 de abril e 28% em 27 de abril.
Antecipação da eleição presidencial
A grande maioria dos brasileiros quer eleição já para
Presidente da República. 67% dos entrevistados acham que o Brasil deveria fazer
uma nova eleição para presidente ainda este ano. 29% não concordam com uma nova
eleição e 4% não sabem ou não responderam.
A percepção das pessoas de que suas vidas irão piorar vista
nas duas pesquisas não leva em conta quanta piora haverá porque a esmagadora
maioria nem imagina o que Temer está planejando. Se a sociedade soubesse do
“teto” de gastos públicos que o governo de facto está preparando, haveria uma
revolução.
O Brasil não cabe no teto de gastos de Temer. Os economistas
dele querem reduzir o tamanho do governo federal em 30% nos próximos 20 anos. É
o que diz a versão mais radical e duradoura para esse limite de gastos, o
“teto”.
Temer enviará um Projeto de Emenda Constitucional ao
Congresso nesta semana propondo tais medidas. Na versão mais nefasta desse
plano, a despesa do governo chegaria a 2036 no mesmo nível de 1997.
Essa medida dá uma ideia de quais são os planos do governo
golpista para a redução do deficit e, ainda, da sua intenção de reduzir o
tamanho do Estado.
O “teto” temerário vai limitar o crescimento anual da
despesa do governo ao valor da inflação do ano anterior. Ou seja, em termos
reais, o gasto fica praticamente congelado no valor despendido neste ano.
Para que se possa mensurar o tamanho do estrago, o “teto”
atingirá, prioritariamente, Previdência, Saúde e Educação, mas todas as demais
despesas federais serão asfixiadas. O teto criaria uma situação inviável.
Essa fixação do “teto” é explicada pelos economistas de
Temer como medida para que o governo faça mais com menos, seja mais eficiente.
Porém, é um crime o que ele está fazendo. O país é desigual e pobre demais em
renda e em iniciativas privadas de infraestrutura. Insistir no congelamento de
gastos públicos por 20 anos é um plano deliberado de diminuir o tamanho do
Estado e, assim, favorecer a privatização de serviços públicos.
Tudo isso cairá como uma bomba entre os setores da sociedade
que precisam do Estado. Irá gerar uma “guerra civil”. A instabilidade política
só tende a aumentar.
Mesmo a classe média-média nem sonha com medidas que vão
impedir valorização dos salários e aumento do emprego formal. E muito menos com
medidas que vão extirpar direitos trabalhistas.
As pesquisas citadas mostram, portanto, que, se o
impeachment de Dilma se confirmar, pode ocorrer uma forte convulsão social no
país.
Se antes mesmo de as medidas de Temer começarem a surtir
efeitos a visão da sociedade sobre seu governo já está desse jeito, imagine,
leitor, o que acontecerá quando as pessoas começarem a sentir esses efeitos.
O principal efeito do “teto” de Temer será piora na Saúde e
na Educação. Pessoas que estão em vias de se aposentar, não vão conseguir. Os
salários vão cair, muita gente vai ter que aceitar emprego sem registro em
carteira.
A desidratação de programas sociais vai gerar aumento da
violência e da criminalidade.
As pesquisas supracitadas comprovam a previsão de uma
convulsão social no país. Muitos pensaram que o impeachment resolveria tudo,
que traria de volta o bem-estar social da era Lula. Muito pelo contrário.
Produzirá saudade dos governos do PT.
É por isso que o partido já está achando bom que o Congresso
confirme o impeachment de Dilma. Deixar a direita governar é o melhor meio de
pavimentar o caminho da esquerda em 2018. E agora temos até pesquisas a apoiar
essa tese.
E você, o que acha? É melhor mesmo Temer ficar no cargo e
afundar a direita, já que falta pouco para 2018 e até lá os golpistas se
enforcarão sozinhos? Ou será que a democracia é mais importante e, assim, ele
não pode ficar no cargo?
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