quarta-feira, 15 de abril de 2020

Bolsonaro em declínio terminal?




A dupla crise da saúde pública e da economia pode vir a ser devastadora. A pandemia não está sob controle. A recessão é inevitável a esta altura, no Brasil e em grande parte da economia mundial. A questão é se será possível evitar uma grande depressão, como a que ocorreu na década de 1930. 

E, no entanto, as piores desgraças têm o seu potencial positivo. É preciso saber enxergá-lo e, sobretudo, agir para transformá-lo em realidade. Graças à atuação de figuras excepcionais como Roosevelt, no campo político, e Keynes, no campo da economia, a crise dos anos 1930 foi aproveitada para mudar os paradigmas em termos de teoria e políticas econômicas e de políticas públicas em várias outras áreas. 

No caso do Brasil, abre-se a possiblidade de nos livrarmos do pior presidente que já tivemos. Por pior que fosse o seu desempenho – e foi terrível desde o início –, Bolsonaro não corria sérios riscos até fevereiro/março deste ano. Ao contrário, estava nadando de braçada e trabalhando o tempo todo para se reeleger em 2022. 

O choque monumental produzido pelo novo coronavírus e, em especial, a incompetência do presidente, escancarada na forma como vem reagindo ao desafio, provocou imenso desgaste. Cresceu o número e a importância dos seus adversários, inclusive sintomaticamente na direita e até na extrema direita. 

Vamos falar com total sinceridade. Muitos dos atuais opositores do governo, mesmo alguns que já clamam pela saída de Bolsonaro, não se mexiam até há pouco. As barbaridades contra a soberania nacional, os assalariados, a máquina pública, a educação, a cultura, o meio ambiente, a democracia eram muitas e graves – mas nada disso parecia sensibilizar grande parte da elite, que continuava sobretudo interessada nas chamadas “reformas estruturais” pregadas por Paulo Guedes e sua equipe. Elite do atraso, como cunhou Jessé Souza. 

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